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07:54
ANDRADEJRJOR
Merval Pereira o globo
A
informação do advogado Antônio Figueiredo Basto, responsável pela
defesa do doleiro Alberto Youssef, de que seu cliente nunca enviou
dinheiro nem para o ex-governador de Minas e atual senador Antonio
Anastasia, nem para o deputado federal Eduardo Cunha, mais do que
inocentar os dois parlamentares nesse caso, traz à tona novamente a
utilização política do processo do petrolão.
Quem
induziu o policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, o Careca, a
denunciar os dois parlamentares tinha objetivos claros: inviabilizar a
candidatura de Cunha à presidência da Câmara, e atingir o presidente do
PSDB, senador Aécio Neves. Os dois movimentos têm um beneficiário
direto, o Palácio do Planalto, que de uma cajadada matava dois coelhos.
Tirava do páreo o favorito para presidir a Câmara contra sua vontade, e
atingia o senador Aécio, a principal liderança oposicionista no momento,
depois de ter saído da disputa presidencial com uma votação
consagradora.
Essa
não é a primeira vez que o doleiro Yousseff é usado para culpar o PSDB.
Em outubro do ano passado, pouco antes do segundo turno da eleição
presidencial, Leonardo Meirelles, tido como testa de ferro do doleiro
nas indústrias farmacêuticas Labogen, afirmou que Yousseff mantinha
negócios com o PSDB e com ex-presidente nacional do partido senador
Sérgio Guerra (PE), morto em março daquele ano.
Da
mesma forma que está fazendo agora, o criminalista Antônio Figueiredo
Basto negou a veracidade do depoimento e pediu sua impugnação. Não se
pense que Yousseff tem algum interesse especial em defender o PSDB,
tanto que ele também isentou neste caso o deputado do PMDB Eduardo
Cunha. O que o doleiro teme é que seu acordo de delação premiada seja
colocado em dúvida pelo Ministério Público que investiga a operação Lava
Jato sob a coordenação do juiz do Paraná Sérgio Moro.
A
delação de Yousseff foi homologada, no fim do ano passado, pelo
ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki, e isso significa
que tudo o que ele contou à Justiça foi provado verdadeiro, ou pelo
menos deu pistas verdadeiras para as investigações avançarem. Se não
citou nem Cunha nem Anastasia, e agora surge a versão do policial Jayme
Careca, que era um dos entregadores do dinheiro para o doleiro, o mínimo
que se poderia imaginar é que Yousseff protegeu alguns clientes
especiais em seu depoimento.
Careca,
ao contrário, prestou depoimento e foi solto, não estando sob as
condições da delação premiada. Sua denúncia não precisa necessariamente
ser verdadeira na integralidade, pelo menos para efeitos de benefícios
posteriores, como sucede na delação premiada. Agora, será preciso saber a
quem ele estava servindo ao colocar entre os recebedores de dinheiro de
Yousseff dois adversários da hora do Palácio do Planalto.
A
utilização política do caso só cessará quando a Procuradoria-Geral da
República apresentar a lista oficial dos que considera envolvidos de
fato no escândalo do petrolão. Até lá, os políticos estarão sujeitos a
efeitos colaterais como jogadas sujas como essa.
De saída
A
entrevista da senadora Marta Suplicy à jornalista Eliane Cantanhêde do
Estado de S. Paulo é a preparação para sua saída do PT para disputar a
Prefeitura de São Paulo por outro partido, mas, sobretudo, é a saída que
ela encontrou para se distanciar da maneira de fazer política que
predomina hoje no partido que ajudou a fundar.
Marta
certamente não é uma santa na política e tem experiência suficiente
para já ter visto de tudo nessa vida partidária. Mas junta o útil ao
agradável quando, desvalorizada pelo grupo político que domina o partido
e também pelo que controla o Palácio do Planalto, encontra uma saída
honrosa ao denunciar os métodos petistas de fazer política. Que já dá
sinais claros de desgaste.
fonte rota2014
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