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08:39
ANDRADEJRJOR
MERVAL PEREIRA
A questão política, mais
que a econômica, é a preocupação do novo ministro da Fazenda Joaquim
Levy. Na economia, ele sabe o que tem que fazer para recuperar a
credibilidade do país junto aos investidores, e disso sua passagem por
Davos, no Fórum Econômico Mundial, é exemplo claro.
Já
classificado como um típico "Homem de Davos"," Levy não poderia estar
mais à vontade entre os que pensam como ele. Parecia feliz como pinto no
lixo, na definição popular do grande Jamelão sobre como o então
presidente americano Bill Clinton se sentiu quando visitou a Mangueira.
Davos
é um lugar perfeito para técnicos como ele, que falam a língua ortodoxa
dos investidores e praticam tudo o que dizem. Já trabalhou no Fundo
Monetário Internacional (FMI), e nada mais natural que tenha recebido
elogios da presidente Christine Lagarde.
Levy é um típico
"servidor público"," dizem os que trabalharam com ele, e a única
experiência no mundo privado foi no Bradesco, de onde saiu paia assumir a
Fazenda depois que o presidente do banco, Luiz Carlos Trabuco, recusou o
convite. Já atuara em governo petista, como Secretário do Tesouro na
gestão de Antonio Palocci na Fazenda, e era um dos alvos preferidos do
PT já naquela altura, 110 início do primeiro governo Lula.
A
diferença é que a política econômica ortodoxa era conduzida por um
petista de alta estirpe, e o presidente era Lula, que controlava
politicamente o PT e os movimentos sociais. Desta vez, Levy é o
responsável principal pela condução da economia, decidido a levá-la a
caminhos ortodoxos conhecidos. Mas exatamente por esse comportamento
previsível sua escolha deveria ter sido negociada, pelo menos na base
aliada, para evitar o tiroteio de que ele tem sido vítima.
Como
isso não aconteceu, e nem a presidente Dilma se dignou a tirar uma foto
com a equipe econômica para explicitar seu aval, Levy vai lidando com as
críticas políticas da maneira que sabe, ou seja, desajeitadamente. A
cada declaração ou entrevista, tem que soltai" uma nota explicando
melhor o que quis dizer (como 110 caso da recessão na economia) ou
esclarecendo o que o "Financial Times" distorceu de suas declarações
sobre os programas sociais, tema com o qual faz questão de ser
cuidadoso, pois sabe a importância que tem no projeto petista.
Levy
está incomodado com as críticas, particularmente com os ataques do
PSDB. Afinal, esses são da sua grei. Até poucos dias antes da eleição,
Levy fazia parte da assessoria econômica do candidato tucano Aécio Neves
e muito provavelmente estaria na equipe de um ministério da Fazenda
comandado por Armínio Fraga.
Por isso, Levy parece decepcionado
com a atuação dos tucanos que, ao contrário de quando Lula assumiu, em
2003, não parecem dispostos a apoiar as medidas restritivas que o
governo tem anunciado.
Levy diz que este não é momento para populismos, pois a situação é grave.
Quanto
aos tiros que recebe da base aliada, Levy evita comentários, mas sempre
que pode diz que não há alternativa. No ar, a advertência implícita é
de que qualquer descuido pode levar o Brasil a ser rebaixado pelas
agências de risco. Abril parece ser um mês decisivo para os destinos do
país. Os técnicos consideram que, com o fim do período de chuvas, haverá
uma ideia clara da situação dos reservatórios e da necessidade ou não
de racionamento, cada dia mais provável.
Mas é em abril também
que o novo Congresso votará as medidas de contenção lançadas pelo
governo corno medidas provisórias, depois de eleger os novos presidentes
da Câmara e do Senado. Na economia e na política, serão dias
conturbados.
Levy se escora no entendimento que a presidente tem
de que é preciso mudar o rumo da economia. E lembra que a palavra
"mudança" orientou os debates da campanha presidencial. O que o povo nas
ruas pediu, naquele junho histórico de 2013, foi um governo mais
eficiente e não um governo maior, assegura Levy.
A seu lado, num
almoço para investidores promovido pelo banco Itaú, estava o ministro da
Fazenda da Colômbia Mauricio Cardenas, com um histórico de crescimento
da economia nos últimos anos, e disposto a abrir o mercado para
investimentos em infraestrutura no país. Sem mudanças, adverte Levy, o
país não estará preparado para voltar a ser um dos importantes players
110 mundo atual, onde vários emergentes disputam os investimentos
internacionais
FONTE A VARANDABLOGSPOT
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