editorial da Folha de São Paulo
Ano novo, salários novos. Entraram em vigor na terça-feira (13) duas
leis que aumentam o subsídio mensal dos ministros do Supremo Tribunal
Federal e do procurador-geral da República. Os servidores passarão a
receber R$ 33,7 mil.
Os diplomas haviam sido aprovados pelo Congresso em dezembro. Na mesma
oportunidade, deputados e senadores aproveitaram para aumentar os seus
próprios salários (de R$ 26,7 mil desde 2011), equiparando-os aos dos
membros do STF, e os da cúpula do Executivo, cujo valor chegará a R$
30,9 mil.
O impacto de tais medidas está longe de ser desprezível. O reajuste
desencadeia um efeito cascata –nos salários de desembargadores, juízes,
procuradores, promotores, deputados estaduais e vereadores– cujo valor é
estimado em R$ 3,8 bilhões aos cofres públicos.
No caso do Legislativo, cada um dos 594 parlamentares –513 deputados e
81 senadores– passará a custar R$ 151 mil por mês, conforme levantamento
desta Folha. Isso porque um congressista, vale lembrar, é ele e seus
benefícios.
Na Câmara, além do vencimento reajustado em 26%, os deputados têm
direito a auxílio-moradia de R$ 3.800, cota para atividade parlamentar,
que varia de R$ 27,9 mil a R$ 41,6 mil, e verba de gabinete de R$ 78
mil.
As benesses são similares para os senadores. Estes, contudo, têm
direito, ademais, a carro com combustível custeado e gastos ilimitados
com telefones celulares. O congressista brasileiro, não por acaso, é um
dos mais caros do planeta.
Em resposta à reportagem, o presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), enviou carta ao "Painel do Leitor" defendendo algumas medidas
tomadas para a contenção de gastos nos últimos dois anos no Legislativo
federal.
O senador lista iniciativas como extinção do hospital do Senado; fixação
de teto salarial; eliminação do 14º e do 15º salários que eram pagos
aos congressistas; corte de uma função gratificada em cada gabinete.
Segundo Renan, nesse período houve economia de R$ 530 milhões na Casa
presidida por ele.
São avanços, não há dúvida, dentro da pauta de reformas para melhorar as
práticas perdulárias do Congresso. São também insuficientes –o custo do
parlamentar brasileiro ainda está muito além dos serviços que presta ao
país.
fonte rota2014
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