ALCYR CAVALCANTI -
O fracasso de mais de meio milhão de candidatos nas provas do Exame Nacional de Ensino Médio-ENEM veio demonstrar uma triste realidade: o ensino no Brasil merece nota zero e deve ser reformulado. A presidente Dilma em um discurso pomposo disse em alto e bom som que 2015 vai ser o “Ano da Educação”. Dias depois foi anunciado que haveria corte de verbas destinadas ao Ministério, hoje ocupado por Cid Gomes.
O ENEM é o critério fundamental na seleção para bolsas de estudo
do Programa Universidade para Todos-ProUni e foi criado para avaliar conhecimentos
obtidos até o Ensino Médio. O tema proposto foi “Publicidade Infantil” que
derrubou 529mil redações que tiraram nota zero. O resultado sinalizou luz vermelha
entre os “especialistas” do governo, em especial no novo ministro Cid Gomes que
foi premiado com a Educação dentro da partilha estabelecida para contemplar
políticos aliados. Por esse critério o ministro poderia ter ido para a Caixa
Econômica ou para a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
O ministro tentou colocar água na fervura e disse que “o fracasso tem pouca
importância, o que é importante é a média, que está na margem de erro”.
A maioria dos especialistas que se dedicam de corpo e alma a
ensinar e preparar os jovens para um Brasil melhor e mais justo não pensa
assim. Para a educadora da PUC-Rio Andrea Ramal em declarações à imprensa:
“Meio milhão de estudantes com nota zero é absurdo. Temos aí um número
significativo de analfabetos funcionais, que não conseguiram entender o texto.
Isso mostra que os alunos no ensino médio não tem a devida preparação para o
ingresso na Universidade”.
Muita coisa tem de ser modificada em regime de
urgência. O ensino no Brasil desde o ano
de 1965, quando aconteceu a funesta mudança na educação seguindo as orientações
do Departamento de Estado no Acordo, de inicio secreto, entre o Ministério da
Educação MEC e o United States Agency for International Development-USAID foi a consequente desvalorização do Ensino
Básico, com a supressão de um ano de ensino, nas fases Fundamental, Média e
Superior, de doze anos passamos para onze. O alicerce, o fundamento para formar
cidadãos transformou o Brasil em uma pátria de analfaburros e analfabetos
funcionais, onde a leitura e a interpretação dos textos transformou-se em uma
tarefa quase impossível, e o ensino de outra língua, o Inglês passou a ser
necessidade absoluta . O ano que apenas está começando não traz nenhuma
perspectiva de melhorias nos Ensinos Fundamental e Médio, com verbas reduzidas,
professores mal pagos, com péssimas condições de trabalho, muita retórica vazia
por parte dos mandatários, promessas, apenas promessas. Valores culturais são
postos de lado e as leis de mercado tem transformado ano após ano a educação em
simples mercadoria, dessa forma o apregoado “Ano da Educação” será apenas mais
uma promessa a não ser cumprida. que vai deixar milhões
de jovens despreparados para um mercado de trabalho cada vez mais selvagem e
competitivo.
fonte tribunadaimprensaonline
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