Deu em O Tempo
A devassa no patrimônio acumulado pelo ex-ministro José Dirceu e por sua empresa a JD Assessoria, ao longo dos últimos dez anos, realizada pela força-tarefa da Lava Jato, vai atingir dois períodos cruciais de sua vida: a época áurea de ministro-chefe da Casa Civil – em que foi o principal homem do governo Luiz Inácio Lula da Silva – e o período de reclusão no presídio da Papuda, em Brasília, após ser condenado por corrupção e formação de quadrilha no processo do mensalão.
A quebra do sigilo fiscal, decretada pela Justiça Federal, abrange o período de 1º de janeiro de 2005 a 18 de dezembro de 2014. Toda a movimentação patrimonial declarada de Dirceu, de sua empresa JD Assessoria e Consultoria Ltda., e do irmão e sócio Luiz Eduardo de Oliveira e Silva será submetida ao crivo dos auditores.
As suspeitas dos investigadores da Lava Jato são de que os R$ 3,7 milhões recebidos pela JD Assessoria e Consultoria, entre 2009 e 2013, de três empreiteiras acusadas de cartel, fraudes e corrupção na Petrobras possam ter relação com os “recursos espoliados do Poder Público” no esquema.
SIGILO BANCÁRIO
A Justiça também autorizou o acesso à movimentação bancária do ex-ministro, de seu irmão e da empresa de assessoria por eles controlada. Neste capítulo da devassa, o período é menor, mas pega a etapa em que Dirceu ficou confinado na prisão de Brasília – a pesquisa vai de 1º de janeiro de 2009 a 18 de dezembro do ano passado.
Os procuradores querem saber se a empresa de Dirceu cumpria a mesma função das firmas de fachada do doleiro Alberto Youssef, emitindo notas genéricas para as maiores empreiteiras do país por consultorias e outros serviços fictícios.
As suspeitas envolvendo os negócios de Dirceu surgiram quando a Lava Jato investigava as movimentações financeiras das 22 empreiteiras, que se autodenominavam “clube”. A Receita Federal identificou vultosos pagamentos das empreiteiras OAS, Galvão Engenharia e UTC Engenharia para a JD.
IGUAL A YOUSSEF
Dirceu não está sob suspeita da Lava Jato como operador do PT, mas será investigado porque sua empresa teria adotado o mesmo expediente das empresas de Youssef para captar valores desviados da Petrobras.
“Há causa provável para a quebra de sigilo fiscal e bancário, uma vez que é necessária para verificar se os investigados foram ou não beneficiários do esquema de distribuição de recursos desviados da Petrobras”, assinalou a juíza federal substituta Gabriela Hardt.
Dirceu foi ministro-chefe da Casa Civil de janeiro de 2003 a junho de 2005, quando saiu do cargo após ser apontado por Roberto Jefferson (PTB-RJ) como mentor do esquema do mensalão.
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