Por LEANDRO MAZZINI - Via Brasil de Fato
Há poucos dias o ex-ministro apenado José Dirceu visitou a presidente Dilma
Rousseff no Palácio da Alvorada, a residência oficial, antes das férias
da chefe da nação. Uma fonte que trabalha no Palácio confirmou a
passagem.
Foi uma longa conversa. Livre, leve e solto – por uma decisão de ministro do STF nomeado pela presidente Dilma,
o apenado, que passou do regime semiaberto (dormir na prisão) para o
domiciliar comemora a nova fase: praticamente um ano após a condenação
já saiu da cadeia. Caso raro para muitas outras centenas de apenados
humildes que mofam nas celas, já demonstraram levantamentos da Justiça.
É um mistério o teor da conversa da presidente com o ex-colega de governo. Sabe-se que Dilma
deve parte de sua ascensão a ele. Foi Dirceu quem se esforçou, como
então chefe da Casa Civil do primeiro governo de Luiz Inácio, a levá-la
ao presidente. O labrador ‘Nego’, fiel guardião de Dilma e acompanhante
de caminhada dela nas poucas horas vagas, foi presente de Dirceu. Mas
nada disso deve ter entrado na conversa a dois.
Fato é que a visita sigilosa à presidente Dilma neste momento (um
mensaleiro apenado recebido com especial dedicação no Palácio) pode
também ter relação com o famigerado ‘petrolão’ – o esquema de corrupção
descoberto pela PF na Petrobras. Renato Duque, o ex-diretor da estatal
detido, era apadrinhado do grupo político no PT comandado por Dirceu.
Duque era Dirceu e vice-versa no governo Lula dentro da Petrobras,
quando Dilma já compunha o Conselho de Administração da petroleira.
É notória também entre gabinetes parlamentares e no PT a ingerência
de José Dirceu na indicação de nomes de sua confiança nos conselhos dos
fundos de pensão estatais – desfilou apadrinhados na Previ, Petros,
Funcef, etc. Quando Dilma batia ponto no último andar do Ministério de
Minas e Energia, o todo-poderoso aliado controlava do quarto andar do
Palácio do Planalto uma rede de contatos que fazia jus ao mito que se
criou em torno de sua figura. Ainda há, hoje, ‘Dirceusistas’
distribuídos por pontos estratégicos do governo em todas as esferas, com
média ou muita influência. Entrelinhas, a presidente Dilma não
receberia no Alvorada ou perderia seu tempo com apenas um ex-colega de
Esplanada.
No pós-governo, demitido, Dirceu passou a usufruir de sua extensa
rede de contatos para fechar contratos. Tornou-se consultor não
declarado de grandes empresas nacionais e estrangeiras. Um abre-portas
em qualquer órgão do governo federal. Com o PT no governo, o dinheiro
entrou em sua conta. Um empresário do ramo de estaleiros chegou a
pagar-lhe R$ 30 mil por mês para ter acesso a ministros e autoridades
afins ao seus interesses, conta uma fonte do setor empresarial do Rio de
Janeiro. Agora, Dirceu deve se retirar do escritório de José Gerardo
Grossi, em Brasília, onde organiza a biblioteca – um trato com a Vara de
Execuções Penais do DF – e retomar a ‘carreira’ de consultor.
Trabalho não faltará. Dinheiro, também não. Dirceu foi condenado a 10
anos e 10 meses de prisão, e já está na rua. Pagou multa de R$ 676 mil à
Justiça para dela se livrar. Em abril de 2013, meses antes de ser
condenado e preso, Dirceu fretou por mais de uma semana o jatinho
Citation II, prefixo PT-LLU, e pousou em pelo menos cinco capitais (cada
trecho gasta-se num avião executivo R$ 50 mil só de frete). A
estratégia era divulgar a sua defesa, ciente da condenação, em
auditórios dos diretórios do PT lotados de simpatizantes.
Deu certo. Um estrategista de primeira linha emplacou na consciência
de milhares de militantes que é um preso político, perseguido e
injustiçado. Ou a chefe da nação, pelo visto, caiu nessa. Ou é cúmplice
de suas artimanhas no Poder.
Prospecção
Por falar em petróleo.
A YPFB, do governo da Bolívia, associada à PDVSA, da Venezuela,
iniciaram neste fim de semana a exploração de petróleo no campo de terra
Lliquimuni, no Norte do País, no meio da Amazônia boliviana.
A Petroandina SAM – 60% da Bolívia e 40% do governo Maduro –
conquistou a exploração de cinco blocos: Iliquimuni, Sécure, Madidi,
Chispani e Chepite. Numa região riquíssima que renderá bilhões de
dólares em venda a médio prazo.
A Petrobras – cuja refinaria no País de Evo Morales foi invadida pelo
Exército e estatizada a baixo custo – não foi convidada a entrar nesta
sociedade.
fonte tribunadaimprensaonline
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