por Igor Gielow
Enquanto a Petrobras definha, o governo agoniza e o mundinho político
estremece a cada revelação ("Se o Duque e o Baiano falarem o que
sabem...") da Operação Lava Jato, outros temores cercam os envolvidos na
investigação.
Demonizar uma categoria é tentador, e empreiteiras sempre foram
candidatas a sofrer a prática. De seu lado, têm o argumento até aqui
secundado pelo Tribunal de Contas da União de que "o país não pode
parar" –obras têm de ser tocadas.
Mas é inegável que as empreiteiras fazem por merecer a fama de Leviatã,
ainda que nem todos sejam "malvados" ou "culpados". Seus tentáculos são
visíveis em toda a teia sob escrutínio no escândalo atual, e estiveram à
vista em inúmeros casos anteriores.
Assim, as empresas estão a vasculhar cada detalhe da execução da
operação e da vida das autoridades do caso. É do jogo, e previsível:
surgirão acusações diversas, restando saber se são reais. Como disse um
envolvido na apuração: "Todo mundo acha que políticos são os grandes
vilões. Eles são só os empregados, os patrões pela primeira vez foram
pegos. E isso não ficará barato".
O comportamento da Justiça também será alvo de observação.
O caso que assombra a PF é o da Operação Castelo de Areia, que em 2009
esquadrinhou negócios da Camargo Corrêa. Em 2011, foi anulada pelo
Superior Tribunal de Justiça sob alegação de que se baseava em denúncia
anônima, embora houvesse uma montanha de evidências e provas construída a
partir disso.
A Lava Jato é diferente e, depoimento após depoimento, desenha um quadro
aterrador. Possui mecanismos orgânicos de defesa, como a pulverização
de suas descobertas em cerca de cem inquéritos até aqui, dificultando
ataques em bloco.
O sucesso da abertura desta centena ou mais de caixas de Pandora, umas
miúdas e outras gigantes, é o que dirá se o Brasil está de fato à beira
de uma Operação Mãos Limpas.
FONTE ROTA2014
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