Carlos Madeiro
Do UOL
As empreiteiras suspeitas de pagar propina a políticos e investigadas
pela operação Lava Jato da Polícia Federal viram seus contratos com o
governo federal renderem 12 vezes mais em apenas 10 anos. Em 2004, as
empreiteiras receberam R$ 251 milhões do governo federal (valores já
corrigidos pela inflação), saltando, em 2013, para R$ 3 bilhões.
Segundo levantamento feito pelo UOL junto
ao Portal da Transparência, entre 2004 e 2013, o governo federal pagou
mais de R$ 11 bilhões --em valores atualizados para 2013-- para as
empreiteiras Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Engevix, Galvão
Engenharia, Mendes Júnior, OAS, Odebrecht e Queiroz Galvão. A UTC
Engenharia --a outra empreiteira investigada-- não tem valores pagos
diretamente pelo governo, segundo o portal.
Os valores levantados no Portal da Transparência, porém, não levam em
conta os pagamentos feitos a consórcios, nem aqueles efetuados
diretamente pela Petrobras, que tem balanço próprio.
Segundo as investigações da Polícia Federal, os empresários montaram uma especie de "clube da propina" para controlar as principais obras do país.
Mais bem pagas
O salto em valores pagos fez com que as empresas passassem a frequentar a
lista das mais bem pagas do país pelo governo federal. Foi assim com a
Odebrecht em 2013, quando a empreiteira recebeu R$ 843 milhões pelo
pagamento de obras pelo país, na ponta entre todas empresas privadas do
país a receber por contratos.
Além da Odebrecht, as empreiteiras Camargo Corrêa e Queiroz Galvão
também apareceram na lista das 10 empresas privadas mais bem pagas pelo
governo federal no ano passado, recebendo R$ 592 milhões e 508 bilhões,
respectivamente. A Andrade Gutierrez ficou em 11º, embolsando R$ 392
milhões.
Nos dados parciais de 2014, Odebrecht e Camargo Corrêa também aparecem
na lista das 10 mais bem pagas do país e já faturaram 756 milhões e 441
milhões, respectivamente.
Salto em 2007
Boa parte do crescimento deve-se ao aumento do volume de investimentos
em obras, especialmente desde o PAC (Programa de Aceleração do
Crescimento), lançado em janeiro de 2007. Naquele ano, os pagamentos a
empreiteiras tiveram o maior aumento da década: 102%, duplicando de R$
433 milhões para R$ 878 milhões, em valores correntes de 2013. Foi o
maior aumento percentual na década registrado em um ano e outro.
As empreiteiras suspeitas são responsáveis pelas maiores obras do país
eque agora estão ameaçadas de paralisação por conta da prisão de seus
diretores. Entre as obras tocadas por essas empresas estão a Refinaria
de Abreu e Lima, em Pernambuco; o Complexo Petroquímico do Rio de
Janeiro; a hidrelétrica de Belo Monte, no Pará; e a usina nuclear Angra
3, no Rio.
Operação Lava Jato
A sétima fase da Operação Lava Jato, da PF, foi deflagrada na
sexta-feira (14) para cumprir 85 mandados judiciais em cinco Estados e
no Distrito Federal. A ordem também bloqueou cerca de 720 milhões de
reais em bens de 36 investigados.
Ao todo, 23 pessoas estão presas por ordem da Justiça no Paraná, e estão
detidas na sede da PF em Curitiba. Nesta segunda-feira (17), o STJ
(Superior Tribunal de Justiça) negou cinco habeas corpus para executivos
da OAS. Outros empresários também já ingressaram com pedido de soltura e
esperam análise.
Todas as empresas citadas na investigação e que tiveram seus diretores
presos negaram as acusações de pagamento de propina, assim como os
partidos citados.Os advogados que representam os empresários também criticam as prisões preventivas.
FONTE ROTA2014
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