editorial do Estadão
A informação de que 18 ex-ministros dos governos de Dilma Rousseff e
Luiz Inácio Lula da Silva são suspeitos de envolvimento em esquemas de
corrupção, conforme levantamento feito pelo Estado em investigações que
tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF), é mais uma evidência de que a
bandalheira não era nem episódica nem acidental ao longo do período
lulopetista. A singularidade dos governos do PT nesse quesito se revela
não pela corrupção em si, pois a prática de desviar dinheiro público,
infelizmente, é bastante antiga e recorrente no Brasil. O que torna tão
especial esse nefasto período de nossa história é que, pela primeira
vez, a corrupção tornou-se um método de governo, de onde resulta o
envolvimento direto - e a mancheias - de tantos ministros de Estado.
Os casos levantados dizem respeito somente àqueles ministros que estão
formalmente sob investigação ou que já foram acusados ou condenados. Não
incluem, por exemplo, os ex-ministros que foram apenas citados em
delações premiadas de envolvidos no esquema de corrupção investigado
pela Operação Lava Jato. Também não citam os processos de ex-ministros
suspeitos ou acusados de envolvimento em crimes quando já não estavam
mais no governo - caso, por exemplo, da senadora Gleisi Hoffmann
(PT-PR), que foi ministra da Casa Civil de Dilma e responde a ação sob
acusação de ter recebido dinheiro roubado da Petrobrás para financiar
sua campanha ao Senado.
Isso significa que, mais cedo ou mais tarde, a lista de auxiliares de
Dilma e Lula com contas a prestar à Justiça deverá aumentar em breve. O
quadro se torna ainda mais complexo quando se observa que os próprios
ex-presidentes Lula e Dilma estão sob investigação. O primeiro, como é
de amplo conhecimento, é réu em três ações penais sob acusação de
corrupção, lavagem de dinheiro, obstrução da Justiça e organização
criminosa - da qual, segundo o Ministério Público, o petista seria o
chefe. Dilma, por sua vez, é suspeita de ter tomado providências,
durante seu mandato, para obstruir as investigações da Lava Jato a
respeito de Lula.
O mais espantoso desse levantamento é o contraste entre as palavras e os
atos de Lula e companhia. Criado como o partido da ética, o PT, uma vez
no poder, revelou-se não apenas tão ou mais corrupto do que aqueles
grupos políticos que vivia a denunciar, mas foi ainda mais longe do que
todos eles jamais sonharam: a corrupção, até então praticada basicamente
por políticos interessados em enriquecer, tornou-se sistêmica.
Não se pode considerar que quase duas dezenas de ministros de Estado
tenham se envolvido em alguma forma de falcatrua sem que a roubalheira
tenha sido considerada, em algum momento, como parte do próprio
planejamento administrativo. A “faxina” que Dilma promoveu logo que
chegou ao poder, em 2011, custou o cargo a sete ministros e parecia
desmentir essa percepção. Mas eis que, não muito tempo depois, Dilma não
apenas reabilitou alguns desses políticos, como os transformou em
interlocutores no processo de escolha de novos ministros, como se nada
tivesse acontecido.
Não foram poucas as vezes em que os petistas, diante dos escândalos que o
PT e seus associados protagonizaram, deram a entender que, no Brasil da
corrupção generalizada, não há outra forma de alcançar os nobres
objetivos do partido senão dançando conforme a música. A história,
bradavam, haveria de lhes fazer justiça.
Essa visão deletéria, felizmente, foi devidamente desmentida pela
multidão de brasileiros que saiu às ruas do País clamando pela ética na
política, aquela que o PT prometeu e não entregou. A acachapante derrota
do partido nas eleições municipais mostrou o tamanho da indignação dos
eleitores com o embuste petista. As urnas e as manifestações populares,
que fazem parte da alma da democracia, deixaram claro aos líderes do PT
que, para a maioria dos brasileiros, a corrupção não é, em nenhuma
hipótese, um meio aceitável para se atingir um fim.
extraídaderota2014blogspot
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