Na Veja.com:
Ela
rendeu a Corrêa uma condenação à prisão no processo do mensalão, o
primeiro esquema de compra de apoio parlamentar engendrado pela gestão
petista. Mesmo após a temporada na cadeia, Corrêa se manteve firme no
propósito de não revelar o que viu e ouviu quando tinha acesso
privilegiado ao gabinete mais poderoso do Palácio do Planalto. Discreto,
ele fez questão de ser leal a quem lhe garantiu acesso a toda sorte de
benesse. Havia um acordo tácito entre o ex-deputado e o ex-presidente.
Um acordo que está prestes a ruir, graças à descoberta do petrolão e ao
avanço das investigações sobre o maior esquema de corrupção da história
do Brasil.
Como
outros mensaleiros, Corrêa foi preso pela Operação Lava-Jato.
Encarcerado desde abril, ele negocia há dois meses com o Ministério
Público um acordo de colaboração que, se confirmado, fará dele o
primeiro político a aderir à delação premiada. Com a autoridade de quem
presidiu um dos maiores partidos da base governista, Corrêa já disse aos
procuradores da Lava-Jato que Lula e a presidente Dilma Rousseff não
apenas sabiam da existência do petrolão como agiram pessoalmente para
mantê-lo em funcionamento.
O
topo da cadeia de comando, portanto, estaria um degrau acima da Casa
Civil, considerada até agora, nas declarações dos procuradores, o cume
da organização criminosa. Nas conversas preliminares, Corrêa contou, por
exemplo, que o petrolão nasceu numa reunião realizada no Planalto, com a
participação dele, de Lula, de integrantes da cúpula do PP e dos
petistas José Dirceu e José Eduardo Dutra – que à época eram,
respectivamente, ministro da Casa Civil e presidente da Petrobras. Em
pauta, a nomeação de um certo Paulo Roberto Costa para a diretoria de
Abastecimento da Petrobras.
Pedro
Corrêa, José Janene e o deputado Pedro Henry, então líder do PP,
defendiam a nomeação. Dutra, pressionado pelo PT, que também queria o
cargo, resistia, sob a alegação de que não era tradição na Petrobras
substituir um diretor com tão pouco tempo de casa. Lula, segundo Corrêa,
interveio em nome do indicado, mais tarde tratado pelo petista como o
amigo “Paulinho”. “Dutra, tradição por tradição, nem você poderia ser
presidente da Petrobras, nem eu deveria ser presidente da República. É
para nomear o Paulo Roberto. Tá decidido”, disse o presidente, de acordo
com o relato do ex-deputado.
Em
seguida, Lula ameaçou demitir toda a diretoria da Petrobras, Dutra
inclusive, caso a ordem não fosse cumprida. Ao narrar esse episódio,
Corrêa ressaltou que o ex-presidente tinha plena consciência de que o
objetivo dos aliados era instalar operadores na estatal para arrecadar
dinheiro e fazer caixa de campanha. Ou seja: peça-chave nessa
engrenagem, Paulinho não era uma invenção da cúpula do PP, mas uma
criação coletiva tirada do papel graças ao empenho do presidente da
República. A criação coletiva, que desfalcou pelo menos 19 bilhões de
reais dos cofres da Petrobras, continuou a brilhar no mandato de Dilma
Rousseff – e com a anuência dela, de acordo com o ex-presidente do PP.
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