Jornalista Andrade Junior

sábado, 26 de setembro de 2015

Somente os banqueiros estão apoiando o novo pacote fiscal

Carlos Newton


Se Shakespeare estivesse vivo, diria logo que há algo de podre no novo pacote fiscal. Nenhum partido (nem mesmo o PT), sindicato, movimento social, central sindical ou entidade representativa de trabalhadores ou empresários manifestou apoio. Apenas a Federação Brasileira dos Bancos divulgou nota oficial proclamando a excelência do pacote e o fez com extrema velocidade, no mesmo dia em que as mudanças foram anunciadas.
Se os banqueiros têm belas razões para apoiar o governo e demonstrar empolgação com as medidas destinadas a equilibrar o orçamento, por que as demais entidades das chamadas classes produtoras estão criticando o pacote? É uma pergunta cretina e óbvia, sem dúvida, mas atinge em cheio as medidas propostas pelo governo.
Esta inquietante indagação está sendo feita pelo presidente da Confederação Nacional da Indústria, Robson Andrade. Em entrevista a Adriana Fernandes e Ricardo Brito, do Estadão, o líder empresarial não mediu as palavras. Disse que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, está desinformado e não há motivos para estar poupando os bancos do aumento da carga de impostos.
“Nas medidas do ministro Joaquim Levy não tem nenhuma que penaliza os bancos. Por quê? Será que é porque ele veio do setor? Por que ele não coloca uma compensação do setor financeiro, que tem altos lucros no Brasil, diferentemente do mundo inteiro? Por que os bancos não podem dar uma contribuição nestes dois anos?”
ENTRAR NA JUSTIÇA
O presidente da CNI disse que negocia com o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, uma alternativa para evitar a redução dos repasses de recursos para o Sistema S (Sesi, Senai, Sesc, Sebrae) no novo pacote de ajuste fiscal. A previsão é de que 400 escolas fechem no País, caso a mudança no Sistema S seja aprovada pelo Congresso, o que, em sua opinião, geraria um colapso ao setor. Ele disse que, se necessário, a CNI vai à Justiça contra as medidas do ajuste fiscal.
Dirigente da maior entidade do empresariado brasileiro, Andrade afirmou que uma das ideias é o Sistema S bancar algumas despesas de saúde e educação, como o Pronatec.
Contrário à nova CPMF, o dirigente da CNI explicou que no Brasil quem paga a conta do aumento dos impostos é consumidor. “Temos que ser contra. Empresário não paga imposto. Somos repassadores, porque o imposto que pagamos eu coloco no preço do meu produto”, disse.
DELFIM ABANDONA O PT
O ex-ministro e ex-deputado Delfim Neto foi deputado por 24 anos e recebe uma bela aposentadoria, sem jamais ter pronunciado um só discurso na Câmara ou no Congresso Nacional ou apresentado qualquer projeto de importância. Agora ele volta à ativa na política, ao dar uma explosiva entrevista à repórter Eliane Cantanhêde, do Estadão, em que abandona o apoio que desde 2003 vinha dando ao PT.
Delfim disse que a presidente Dilma Rousseff “é uma trapalhona” e o pacote fiscal dos ministros Joaquim Levy e Nelson Barbosa “é uma fraude, um truque, uma decepção”. E assinalou: “Não tem corte nenhum, só substituição de uma despesa por outra e o que parece corte é verba cortada do outro. Dizem que vão usar a verba do sistema S. Ora, meu Deus do céu! R$ 1 do sistema S produz infinitamente mais do que R$ 1 na mão do governo. Alguém duvida de que o governo é ineficiente?”






EXTRAÍDADETRIBUNADAINTERNET

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