por Percival Puggina.
Em 2002, quando se desenhava a vitória de Lula nas eleições de
outubro, a economia brasileira levou um solavanco. O dólar bateu em
quatro reais, os investidores externos se retiraram e os internos se
retraíram. A atriz Regina Duarte expressou esse sentimento de
insegurança num vídeo gravado para a campanha de José Serra. Sua
primeira frase foi - “Tenho medo”. Era uma peça muito forte e suscitou
reação imediata das hostes petistas que responderam afirmando que a
esperança haveria de vencer o medo. Já naquela época, quem
acompanhava a atividade do Partido dos Trabalhadores sabia. Sabia que a
democracia direta defendida por ele e por seus parceiros internacionais
sempre descambou em totalitarismo. Quem repelia a violência e a ruptura
da ordem que o PT promovia através de seus movimentos sociais sabia.
Quem era capaz de reconhecer a corrupção moral em suas várias formas
(mentira, mistificação, assassinato de reputações, desonestidade
intelectual, etc.) também sabia. E todos nós, que sabíamos, podíamos
antever para onde estávamos sendo levados. Era de ter medo, sim. O que
não podíamos imaginar era o nível de degradação a que as instituições
políticas seriam deliberadamente conduzidas.
O tempo, como senhor
da verdade, veio mostrar que Regina Duarte tinha razão. Seria muito
melhor para o país se ela estivesse errada. Se nós estivéssemos errados.
Os muitos males produzidos pelo petismo – e eu não os vou desfiar aqui
porque agora estão bem visíveis aos olhos do mundo – nos fazem regredir
muitos anos. E a sociedade convive com o medo em proporções
inimagináveis em 2002: é o medo da criminalidade, é o medo de não haver
instituição política em que confiar, é o medo da inflação, do
desemprego, da fuga de capitais, da depreciação do real e de uma crise
de muitas faces, com proporções inimagináveis. E o dólar, treze anos
depois, volta aos patamares para onde disparou naquele ano em que Regina
Duarte expressou o sentimento de tantos brasileiros. O medo, agora, não
é de que o PT chegue ao poder, mas o de que ele prossiga atravessando
nossa história como o cavalo de Átila, após o qual nem a grama nasce.
extraídadepuggina.org
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