por Bernardo Mello Franco Folha de São Paulo
As novas condenações da Lava Jato devem servir de alerta aos políticos
que discutem o futuro da República em gabinetes refrigerados. A operação
está um pouco menos barulhenta, mas não parou. Ainda pode sacudir o
tabuleiro da crise e tirar peças importantes do jogo.
O PT voltou a tremer com a caneta do juiz Sergio Moro. Na segunda-feira,
ele condenou João Vaccari e Renato Duque por desvios milionários na
Petrobras. Na terça, assinou a sentença do ex-deputado André Vargas.
Vaccari é o segundo tesoureiro petista condenado por corrupção em menos
de três anos. Acusado de direcionar propinas do petrolão para o caixa da
sigla, recebeu uma pena dura, superior a 15 anos de prisão.
Duque, o ex-diretor da Petrobras, foi condenado a 20 anos. No mesmo dia,
voltou a se reunir com os procuradores para negociar uma delação. Se
falar, pode comprometer ainda mais a cúpula e as campanhas do PT.
O caso de Vargas não é diretamente ligado ao petrolão, mas reacende
outro temor no governo: a possibilidade de as investigações se
alastrarem por toda a Esplanada. Ele foi condenado por receber propina
de uma agência de publicidade que tinha contrato com o Ministério da
Saúde e Caixa Econômica Federal.
A Lava Jato também voltou a se mover na direção do PMDB. Moro decretou a
prisão de João Augusto Rezende Henriques, apontado como operador do
partido no escândalo.
Ao mesmo tempo, cresce a tensão com a delação iminente de Fernando
Baiano, homem de múltiplos contatos e negócios na Petrobras. Em
depoimento divulgado há um mês, o lobista Julio Camargo disse que ele
tinha ligações com três integrantes da linha sucessória: Eduardo Cunha,
Renan Calheiros e Michel Temer.
Na ocasião, o vice-presidente afirmou em nota que "não teve ou tem com
ele qualquer relação ou contato de irmandade". Assim que fechar o acordo
de colaboração com a Justiça, Baiano terá a oportunidade de dar a sua
própria versão.
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