por Aécio Neves Folha de São Paulo
Se questionados, provavelmente 9 em cada 10 brasileiros achariam o atual
governo um dos mais fracos e ineptos de toda a história do país. O
décimo teria certeza.
Contrariando a máxima de que toda unanimidade é burra, vai se
consolidando no país a convicção de que vivemos um período de desgoverno
sem paralelo, agravado pela reiterada incapacidade de quem o comanda de
se colocar à altura da complexidade da crise. Crise, aliás, urdida e
fomentada nas hostes do partido governista, sob as bênçãos de suas
maiores lideranças.
O que mais assusta é a ausência de perspectivas. Não há uma agenda visível e factível para o país.
Para onde vamos, afinal? O que estamos assistindo, entre assustados e
indignados, é a erosão crescente do nosso futuro. O presente, por sua
vez, é uma incógnita que se sustenta na falta de uma coordenação
efetiva. Este é um governo que reage apenas a espasmos, quando se sente
acuado.
Foi preciso perder a nota de crédito de uma agência de risco para
anunciar o esforço necessário para apresentar um Orçamento que não fosse
deficitário. O pacote improvisado está longe de reduzir o ônus do
Estado obeso e ineficaz que a nação é obrigada a carregar e impõe
sacrifícios a quem já paga uma das taxas de tributação mais altas do
planeta.
O receituário de plantão é um só: aumentar a arrecadação com mais
impostos. Já pressionado pela conjugação de inflação e recessão, o
brasileiro se vê forçado a pagar ainda mais ao Estado. A verdade é que
parece que a presidente não quer mudar nada. Ao que tudo indica, ela
nunca achou que estivesse errada. Para que tenha êxito, qualquer
programa de ajuste depende da confiança em quem o conduz.
Mas como confiar em quem usou e abusou da mentira, omitindo do país uma
realidade que já se anunciava extremamente grave, apenas para vencer as
eleições? Como confiar em um governo que diz uma coisa hoje e amanhã age
de forma contrária?
Os movimentos erráticos proliferam em todas as direções, desnorteando
empresários, investidores e cidadãos. Os ministros da área econômica
divergem sem constrangimento, as bases de sustentação da atual
administração clamam contra as medidas e o próprio Planalto dá sinais
ambíguos sobre as políticas e medidas que defende em público.
Nas relações conflituosas com o Poder Legislativo e no desrespeito com
as forças legítimas da oposição, o governo tem sido pródigo em
contrariar todos os fundamentos da boa política.
O que mais falta acontecer?
P.S.: Em meio a todo o debate sobre a grave crise econômica, chama a
atenção o ensurdecedor silêncio do ex-ministro Guido Mantega. Nem uma
palavra em defesa da obra que conduziu sob as bênçãos dos presidentes
Lula e Dilma.
extraídaderota2014blogspot
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