por Bernardo Mello Franco Folha de São Paulo
O reencontro com Michel Temer, que voltou da longa turnê pelo leste
europeu, não foi nada agradável para Dilma Rousseff. Nesta segunda, o
vice disse à presidente que não fará indicações para a reforma
ministerial. Dilma ouviu o mesmo do deputado Eduardo Cunha e do senador
Renan Calheiros.
O PMDB encostou a faca no pescoço presidencial. Como o partido não
costuma esnobar cargos e orçamentos, sobram duas alternativas possíveis.
Na primeira, elevou as ameaças para arrancar mais do que foi oferecido
até aqui. Na segunda, decidiu antecipar o desembarque do governo.
Os peemedebistas detestaram o primeiro rascunho da reforma. Não
conseguiram derrubar o petista Aloizio Mercadante e não garantiram seu
sonho de consumo, mandar na Saúde ou na Educação. Sem resposta positiva
até aqui, restou a velha tática da ameaça para obter o que deseja.
A outra alternativa é ainda pior para Dilma. Em vez de jogar mais duro
para negociar, o PMDB teria decidido abandonar de vez o governo. Se isso
acontecer, o principal beneficiário será o vice-presidente da
República.
As recusas de Temer, Renan e Cunha agravaram o pânico entre os petistas, que ainda não sabem qual das hipóteses será confirmada.
A enrascada da reforma ministerial mostra que Dilma mordeu outra isca
deixada pelo partido do vice. Em agosto, o PMDB defendeu que a
presidente enviasse ao Congresso um Orçamento com previsão de deficit.
Ela seguiu o conselho com entusiasmo e foi punida com o rebaixamento do
país por uma agência de risco.
Agora Dilma está em apuros por executar outro plano da cartilha
peemedebista: o corte de ministérios, a pretexto de enxugar a máquina.
Desabafo de um ex-ministro de Lula desiludido com os erros táticos de
Dilma: "Circular pelo Planalto entristece até o mais fiel aliado.
Estamos vivendo uma crise para profissionais, e o governo é gerido por
amadores"
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