RODRIGO RANGEL REVISTA VEJA
Para os petistas, Cuba é
um paraíso, mas só da boca para fora. Petista que se preza gosta mesmo é
de Miami, especialmente se as mordomias forem pagas com dinheiro do
povo trabalhador do Brasil desviado para seu bolso pelos esquemas de
corrupção armados nos governos de Lula e Dilma. Os investigadores da
Operação Lava-Jato descobriram que um discreto posto de gasolina em
Brasília servia como entreposto de vários esquemas de corrupção.
Seguindo o dinheiro, encontraram doleiros, funcionários públicos,
empresários, políticos, partidos e campanhas eleitorais que se nutriam
daquela mesma fonte. Logo ficou claro que a mesma estrutura criminosa se
espraiava por vários órgãos do governo como braços de um esquema único
cujo objetivo comum era arrecadar e distribuir propina aos partidos que
apoiavam o governo do PT — claro, com sobra para bancar as necessidades
e, principalmente, os desejos ilimitados do grupo de privilegiados.
A polícia descobriu tentáculos do esquema no Ministério do Planejamento. Em troca de um contrato milionário, a Consist, uma empresa de tecnologia digital, distribuía propina aos políticos. Alexandre Romano, um ex-vereador do PT do interior de São Paulo, conhecido entre os companheiros pelo carinhoso apelido de Chambinho, era o responsável por fazer o reparte do dinheiro arrecadado. Entre os beneficiários estão Gleisi Hoffmann (PT) e o marido dela, Paulo Bernardo (PT) — ela senadora e ex-ministra da Casa Civil de Dilma Rousseff, ele ex-ministro do Planejamento e das Comunicações nos governos Lula e Dilma. Documentos apreendidos comprovam que o dinheiro desviado pagava despesas pessoais do casal em Curitiba, como o salário do motorista particular. Até mesmo uma multa aplicada a Gleisi pela Justiça Eleitoral nas últimas eleições, em que ela se candidatou sem sucesso ao governo do Paraná, foi quitada com recursos recebidos do esquema.
A prisão de Chambinho impulsionou as investigações. Há indícios de que o ex-vereador manteve laços financeiros com pessoas muito próximas do atual ministro da Previdência, Carlos Gabas, um dos auxiliares mais prestigiados pela presidente Dilma Rousseff. Foi Gabas quem levou Dilma a passeios por Brasília na garupa de sua moto Harley-Davidson. O Palácio do Planalto já sabe que o ministro pode ser alcançado pela investigação. Chambinho repassava parte da propina ao então tesoureiro do PT João Vaccari, o notório "Moch", que criou a expressão "pixuleco" para se referir à propina. Outros figurões do partido receberam repasses de Chambinho, um eficiente arrecadador. Uma operação em especial tem chamado a atenção dos investigadores. Chambinho comprou no ano passado, com a Lava-Jato já a pleno vapor, um apartamento em um condomínio de luxo nos arredores de Miami, na Flórida. Pagou 671.000 dólares — mais de 1,5 milhão de reais àquela altura. Os investigadores suspeitam que Chambinho seja apenas o laranja, tendo feito a transação com o intuito de ocultar o verdadeiro dono do imóvel.
O apartamento de Chambinho, que fica na South Tower at The Point, um dos cinco prédios do condomínio, teve ilustres ocupantes temporários, entre eles o deputado Marco Maia (PT-RS), ex-presidente da Câmara dos Deputados. O condomínio é um daqueles típicos paraísos capitalistas, com uma generosa área de lazer, marina e spa. Os investigadores já sabem que Maia e Chambinho se encontraram tempos atrás nos Estados Unidos. Em julho passado, o deputado viajou para Miami com a família e passou suas férias no apartamento. Uma gentileza entre amigos, segundo o parlamentar:
Qual a relação do senhor com Alexandre Romano?
Sou amigo dele. Eu o conheci há poucos anos, quando ainda era presidente da Câmara. Ele estava representando interesses de empresas do setor elétrico, mas nada ilegal.
O senhor se hospedou em um apartamento na South Tower at The Point, em Miami?
Ah, sim. Esse apartamento é dele (de Romano). Acho que ele me convidou e eu utilizei o apartamento. Fiquei lá uns dez dias.
Quantas vezes o senhor já foi a esse apartamento?
Acho que fui uma vez só, mas tenho de ver isso com atenção.
O senhor é o verdadeiro dono do apartamento?
Não, não, não é meu. Não tenho nenhuma relação com isso.
O senhor já esteve com Alexandre Romano nos Estados Unidos?
Não, nunca... Ah, lembrei que uma vez encontrei com ele, acho que em Nova York.
Há alguma ligação financeira entre vocês?
Só amizade mesmo.
Alexandre Romano, o Chambinho, estava negociando um acordo de delação com os procuradores da Lava-Jato. Nas conversas preliminares, ele contou coisas surpreendentes. A decisão do Supremo de tirar da Lava-Jato investigações não diretamente ligadas ao petrolão, porém, vai adiar o acerto de contas de Chambinho com a Justiça. Enquanto isso, a vida continua na paradisíaca South Tower, a apenas 530 quilômetros de Cuba.
A polícia descobriu tentáculos do esquema no Ministério do Planejamento. Em troca de um contrato milionário, a Consist, uma empresa de tecnologia digital, distribuía propina aos políticos. Alexandre Romano, um ex-vereador do PT do interior de São Paulo, conhecido entre os companheiros pelo carinhoso apelido de Chambinho, era o responsável por fazer o reparte do dinheiro arrecadado. Entre os beneficiários estão Gleisi Hoffmann (PT) e o marido dela, Paulo Bernardo (PT) — ela senadora e ex-ministra da Casa Civil de Dilma Rousseff, ele ex-ministro do Planejamento e das Comunicações nos governos Lula e Dilma. Documentos apreendidos comprovam que o dinheiro desviado pagava despesas pessoais do casal em Curitiba, como o salário do motorista particular. Até mesmo uma multa aplicada a Gleisi pela Justiça Eleitoral nas últimas eleições, em que ela se candidatou sem sucesso ao governo do Paraná, foi quitada com recursos recebidos do esquema.
A prisão de Chambinho impulsionou as investigações. Há indícios de que o ex-vereador manteve laços financeiros com pessoas muito próximas do atual ministro da Previdência, Carlos Gabas, um dos auxiliares mais prestigiados pela presidente Dilma Rousseff. Foi Gabas quem levou Dilma a passeios por Brasília na garupa de sua moto Harley-Davidson. O Palácio do Planalto já sabe que o ministro pode ser alcançado pela investigação. Chambinho repassava parte da propina ao então tesoureiro do PT João Vaccari, o notório "Moch", que criou a expressão "pixuleco" para se referir à propina. Outros figurões do partido receberam repasses de Chambinho, um eficiente arrecadador. Uma operação em especial tem chamado a atenção dos investigadores. Chambinho comprou no ano passado, com a Lava-Jato já a pleno vapor, um apartamento em um condomínio de luxo nos arredores de Miami, na Flórida. Pagou 671.000 dólares — mais de 1,5 milhão de reais àquela altura. Os investigadores suspeitam que Chambinho seja apenas o laranja, tendo feito a transação com o intuito de ocultar o verdadeiro dono do imóvel.
O apartamento de Chambinho, que fica na South Tower at The Point, um dos cinco prédios do condomínio, teve ilustres ocupantes temporários, entre eles o deputado Marco Maia (PT-RS), ex-presidente da Câmara dos Deputados. O condomínio é um daqueles típicos paraísos capitalistas, com uma generosa área de lazer, marina e spa. Os investigadores já sabem que Maia e Chambinho se encontraram tempos atrás nos Estados Unidos. Em julho passado, o deputado viajou para Miami com a família e passou suas férias no apartamento. Uma gentileza entre amigos, segundo o parlamentar:
Qual a relação do senhor com Alexandre Romano?
Sou amigo dele. Eu o conheci há poucos anos, quando ainda era presidente da Câmara. Ele estava representando interesses de empresas do setor elétrico, mas nada ilegal.
O senhor se hospedou em um apartamento na South Tower at The Point, em Miami?
Ah, sim. Esse apartamento é dele (de Romano). Acho que ele me convidou e eu utilizei o apartamento. Fiquei lá uns dez dias.
Quantas vezes o senhor já foi a esse apartamento?
Acho que fui uma vez só, mas tenho de ver isso com atenção.
O senhor é o verdadeiro dono do apartamento?
Não, não, não é meu. Não tenho nenhuma relação com isso.
O senhor já esteve com Alexandre Romano nos Estados Unidos?
Não, nunca... Ah, lembrei que uma vez encontrei com ele, acho que em Nova York.
Há alguma ligação financeira entre vocês?
Só amizade mesmo.
Alexandre Romano, o Chambinho, estava negociando um acordo de delação com os procuradores da Lava-Jato. Nas conversas preliminares, ele contou coisas surpreendentes. A decisão do Supremo de tirar da Lava-Jato investigações não diretamente ligadas ao petrolão, porém, vai adiar o acerto de contas de Chambinho com a Justiça. Enquanto isso, a vida continua na paradisíaca South Tower, a apenas 530 quilômetros de Cuba.
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