por Igor Gielow FOLHA DE SÃO PAULO
A gestão Dilma-2, como já dito aqui, acabou antes de começar. Subsiste
uma presidente, cujo partido se desintegrou sob o peso da corrupção,
tirando fotos com claque a soldo e convivendo com o governo de fato do
PMDB, que entrega a sua Agenda Brasil cheia de coisas inexequíveis,
oportunidades de negócios e alguns pontos interessantes.
Algo pode até virar realidade, mas a agenda não passa de um McGuffin, um
recurso narrativo típico dos filmes de Alfred Hitchcock destinado a
esconder a verdadeira trama. Como a dinheirama roubada por Marion Crane,
que domina o início de "Psicose" só para escamotear a história do
"über-psicopata" Norman Bates.
No filme patrocinado por Lula para desarmar o impeachment de Dilma, cuja
gestação encontrava-se adiantada, Renan Calheiros ganha algo a ser
desvelado para travar tudo. Isso, somado ao respiro que Joaquim Levy
ganhou da Moody's, deu um alento inesperado ao governo.
Para o público, vende-se uma reedição do parlamentarismo branco do
primeiro semestre, desta vez com a chancela do Planalto. Só que falta
combinar com a Câmara sob o vilão predileto de todos, Eduardo Cunha.
Mas o McGuffin pode também desviar a atenção de um enredo peemedebista
que vislumbra a queda de Dilma. Se ela ganhou alguma sobrevida na
semana, suas fragilidades continuam as mesmas, e a vocação do PMDB não
sugere solidariedade.
A presença ostensiva de Romero "líder de qualquer governo" Jucá e das
digitais de José Serra na Agenda é detalhe nada desprezível. O PMDB toca
então barco, à espera de uma Lava Jato cada vez mais aguda, inclusive
contra si, e talvez novidades nas apurações do TSE.
EXTRAÍDADEROTA2014BLOGSPOT





0 comments:
Postar um comentário