José Carlos Werneck
Políticos de todos os partidos concordam que Rodrigo Janot errou em denunciar somente o deputado Eduardo Cunha e o senador Fernando Collor ao Supremo Tribunal Federal, por suas implicações na Operação Lava Jato.Todos são unânimes em achar que esta “denúncia seletiva” salta aos olhos da opinião pública, que hoje é muito bem informada e preferia que todos os implicados fossem denunciados e não apenas os dois desafetos do procurador.
Na quarta-feira,o procurador-geral da República será sabatinado pelos membros da Comissão de Constituição e Justiça do Senado e, depois seu nome será submetido ao plenário . Para ser reconduzido ao cargo, Janot precisa de 41 votos favoráveis do total de 81.
Nenhum dos 81 senadores,teceu,publicamente, críticas à atitude de Janot . Em conversas reservadas, a opinião era de que as denúncias feitas contra o presidente da Câmara e o senador Fernando Collor, às vésperas da apreciação pelo Senado, foram uma demonstração desnecessária de total falta de habilidade, que pode resultar em prejuízos em sua recondução à Procuradoria.
MENOS AFOITO
Antes das denúncias, era voz corrente que o nome de Janot fosse aprovado sem maiores percalços pelo plenário, embora 13 senadores sejam investigados pela Lava Jato.
Os senadores acham que o Procurador-Geral da República deveria ter sido menos afoito e esperado mais. “Uma semana não faria diferença. O Senado está para votar a sua recondução, além de um projeto de lei que trata do reajuste dos servidores do Ministério Público. Tudo isso cria um clima ruim”, disse um integrante da chamada Base Aliada.
O senador Humberto Costa,líder do Partido dos Trabalhadores,um dos investigados pelo procurador-geral, afirma que Janot tem agido de forma equilibrada. “Acho que ele será aprovado sem maiores problemas”.
Costa entende,ao contrário da maioria de seus pares, que ao fazer as denúncias, Janot deixa claro que não pretende recuar nas investigações o que deve ser visto de forma positiva pelos senadores.
TIMING
“O procurador não tinha necessidade de apresentar essa denúncia agora. Dizer que o timing das investigações é diferente do timing da política é um erro”, enfatiza outro senador. para quem, a decisão de Janot criou um desconforto no Senado,que na próxima semana,decidirá se ele será reconduzido a chefia do Ministério Público.
Já para o senador José Agripino Maia, um dos poucos que elogia a postura de Janot, a opção pela apresentação das denúncias teve caráter institucional e não pessoal . “Não há uma correlação entre as denúncias de agora e a sabatina. As instituições estão agindo dentro de um cronograma já anunciado”.
Não obstante a opinião apaziguadora do senador Agripino Maia,uma pergunta pairava nos corredores do Congresso: Não teria sido mais conveniente que Rodrigo Janot agisse de forma menos seletiva e tivesse incluído um maior número de investigados e que suas denúncias alcançassem políticos de outros partidos que têm seus nomes entre os atingidos pela Lava Jato?
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