CARLOS CHAGAS -
Ensina
a sabedoria popular que Deus se encarrega de não deixar que as árvores
cresçam até atingir o céu. Com todo o respeito, deveria Eduardo Cunha
ter presente essa lição, porque aproxima-se dele uma implacável
moto-serra. A denúncia do Procurador Geral da República contra o
presidente da Câmara faz prever a interrupção de seu meteórico
crescimento. Até sua degola. Ainda que por artes do destino o Supremo
Tribunal Federal ou o Tribunal Superior Eleitoral venham a concluir pela
presença de dinheiro sujo na campanha presidencial de 2014, anulando
assim a eleição de Dilma Rousseff e de Michel Temer, não há hipótese de o
deputado fluminense assumir a presidência da República para, em 90
dias, convocar novas eleições. Muito menos se a decisão do Judiciário
for estendida para a segunda metade do atual mandato presidencial, coisa
que determinaria a escolha do presidente-tampão pelo Congresso. Antes
disso as instituições estarão em frangalhos. Parecia o plano de
Eduardo Cunha: ocupar interinamente o palácio do Planalto e depois
completar o período em curso, respaldado pela forte maioria de deputados
que detinha até pouco. Quem sabe contando em que o Senado deixará de
confirmar a aprovação, pela Câmara, do fim da reeleição, permitindo-lhe
novo mandato.
Trata-se
de um roteiro do absurdo, a estratégia acima exposta, na dependência
de combinações variadas. Mas circulava nos corredores do Legislativo.
Agora, não circula mais, apesar de factível pela letra da Constituição.
Um fator maior, um dia referido pelo dr. Ulysses, ergueu-se diante da
trajetória imaginada. Por conta das acusações ao parlamentar, de
envolvimento no escândalo da Petrobras, “mais do que o voto prevalece
a voz das ruas”. São elas que hoje condenam antecipadamente o deputado,
consiga ele ou não provar sua inocência. Basta lembrar que foi objeto
de duas manifestações conflitantes. As multidões contrárias à presidente
Dilma, tanto quanto as favoráveis, não o pouparam. A árvore não
alcançará o céu. Graças a Deus.
A REALIDADE E O FAZ DE CONTA
Insiste
a presidente Dilma em que a crise, apesar de grave, é passageira. Conta
em retomar o crescimento econômico, reduzir o desemprego e abafar a
inflação. O diabo é que não existem habilidades capazes de encurtar a
distância entre a realidade e o faz de conta. Em especial quando falta
um projeto nacional para enfrentar o descalabro que nos assola. Caberia
ao governo, mais do que ao Senado e aos empresários, ter elaborado um
roteiro de mudanças fundamentais na economia. Daquelas para ninguém
botar defeito, muito acima e além da meia-sola proposta pelo ministro
Joaquim Levy. Madame começou a percorrer o país, mas não mudou a
cantilena.
PARTIDO OU PROFISSÃO?
Amparados
por ônibus, lanches e quem sabe um mísero jabá, os companheiros foram
às ruas, quinta-feira. Entregaram-se às mesmas práticas de sempre:
muito barulho, gestos de ginastas aposentados e cartazes ousados. A
gente fica pensando se o PT é um partido ou é uma profissão...
extraídadatribunadainternet
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