Jornalista Andrade Junior

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

AS ÁRVORES NÃO ATINGEM O CÉU

CARLOS CHAGAS -


Ensina a sabedoria popular que Deus se encarrega de não deixar que as árvores cresçam até atingir o céu. Com todo o respeito, deveria Eduardo Cunha ter presente essa lição, porque aproxima-se dele uma implacável moto-serra. A denúncia do Procurador Geral da República contra o  presidente da Câmara faz prever a interrupção de seu meteórico crescimento. Até sua degola.  Ainda que por artes do destino o Supremo Tribunal Federal ou o Tribunal Superior Eleitoral venham a concluir pela presença de dinheiro sujo na campanha presidencial de 2014, anulando assim a eleição de Dilma Rousseff e de Michel Temer, não há hipótese de o deputado fluminense assumir a presidência  da República para, em 90 dias, convocar novas eleições. Muito menos se a decisão do Judiciário for estendida para a segunda metade do atual mandato presidencial, coisa que determinaria a escolha do presidente-tampão  pelo  Congresso. Antes disso as instituições  estarão em  frangalhos. Parecia o plano de Eduardo Cunha:  ocupar interinamente o palácio do Planalto e depois completar o período em curso, respaldado pela forte maioria de deputados que detinha até pouco. Quem  sabe  contando em que o Senado deixará de confirmar a aprovação, pela Câmara, do fim da  reeleição, permitindo-lhe novo mandato.

Trata-se de um roteiro do absurdo,  a estratégia acima exposta, na dependência de combinações  variadas.  Mas circulava nos corredores do Legislativo.  Agora, não circula mais, apesar de factível pela letra da Constituição. Um fator maior, um dia referido pelo dr. Ulysses,  ergueu-se diante da trajetória imaginada. Por conta das acusações ao parlamentar, de envolvimento no escândalo da Petrobras, “mais  do que o  voto  prevalece a voz das ruas”. São elas que hoje condenam antecipadamente o deputado, consiga ele ou não provar sua inocência. Basta lembrar que foi objeto de duas manifestações conflitantes. As multidões contrárias à presidente Dilma, tanto quanto as favoráveis, não o pouparam. A árvore  não alcançará o céu. Graças a Deus.

A REALIDADE E O FAZ DE CONTA

Insiste a presidente Dilma em que a crise, apesar de grave, é passageira. Conta em retomar o crescimento econômico, reduzir o desemprego e abafar a inflação. O diabo é que não existem habilidades capazes de encurtar a distância entre a realidade e o faz de conta. Em especial quando falta um projeto nacional para enfrentar o descalabro que nos assola. Caberia ao governo, mais  do que ao Senado e aos empresários, ter elaborado um roteiro de mudanças fundamentais na economia. Daquelas para ninguém botar defeito, muito acima e além da meia-sola proposta pelo ministro Joaquim Levy. Madame começou a percorrer o país, mas não mudou  a cantilena.

PARTIDO OU PROFISSÃO?

Amparados por ônibus, lanches e quem sabe um  mísero jabá, os companheiros foram às ruas, quinta-feira. Entregaram-se às mesmas práticas de sempre: muito  barulho, gestos de ginastas aposentados e cartazes ousados. A gente fica pensando se o PT é um partido ou é uma profissão...
extraídadatribunadainternet

0 comments:

Postar um comentário

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More