editorial da Folha de São Paulo
O mercado de trabalho sucumbiu ao caos da economia. A velocidade de
fechamento de postos e de alta do desemprego é cada vez maior –e não há
evidência de que vá diminuir em prazo curto.
No mês de julho, a taxa de desocupação passou de 6,9% para 7,5%. Verdade
que o salto decorre mais do aumento de pessoas em busca de emprego do
que de demissões, mas preocupa mesmo assim. Em um perspectiva mais
ampla, a ocupação também se reduz.
Quanto a isso, os dados do Caged (que apura a geração líquida de
empregos formais) não deixam dúvida. Em julho, a perda foi de 158 mil
vagas, o pior resultado da série histórica; nos últimos 12 meses, chega a
quase 780 mil.
Até 2014, o emprego se mantinha elevado, em notável dessintonia com o
quadro depressivo que se anunciava. Talvez as empresas tivessem
esperanças de que a incerteza seria passageira, vinculada ao clima
eleitoral. É normal que procurem evitar variações bruscas em sua folha
de pagamento –e custa caro contratar, treinar e demitir.
A incerteza permaneceu, a esperança se dissipou. O setor privado agora
se movimenta no sentido inverso; uma vez iniciada a tendência de
demissões, será difícil estancá-la, quanto mais revertê-la.
Na última década, a queda da informalidade e a melhora da qualidade de
emprego foram essenciais para consolidar os ganhos de renda e consumo.
São parte do enredo da criação da nova classe média, que começa a ser
modificado.
A informalidade volta a crescer, os empregos se tornam precários, e as
famílias, sobretudo de baixa renda, mudam de comportamento.
Um exemplo está na população jovem. Uma das razões para o desemprego
ter-se mantido baixo nos últimos anos mesmo quando a economia já
patinava foi a redução do contingente de pessoas em busca de trabalho na
faixa de 15 a 24 anos. De 2005 a 2013, foram cerca de 4 milhões a
menos.
Isso pode ter ocorrido pela melhoria de renda do resto da família, o que
permitiu aos jovens buscar outras atividades –inclusive se manter por
mais tempo nos estudos. Quando o orçamento aperta, talvez por alguém ter
perdido o emprego, tudo muda.
Não por acaso, o maior aumento da desocupação se dá justamente entre os
jovens. Se em julho de 2014 apenas 12,9% estavam desempregados, agora
são 18,5%.
Esse contingente, mas não só ele, retorna ao mercado de trabalho no pior
momento. Por isso, a desocupação cresce de forma acelerada: 9,4% no mês
passado e nada menos que 56% no ano.
A tragédia dos erros e da arrogância do governo Dilma Rousseff (PT) na
gestão da economia recai sobre os mais vulneráveis e põe a nu a ficção a
que o país foi submetido.
EXTRAÍDADEROTA2014BLOGSPOT
0 comments:
Postar um comentário