por Ruy Castro Folha de São Paulo
Nos EUA, a ciência está vasculhando o cérebro humano em termos de
milionésimos de milímetro –pense numa cabeça de alfinete dividida por
mil. O problema é que ainda não há computadores que comportem a
quantidade de informação que o bicho é capaz de gerar. Se for verdade
que um milímetro cúbico de cérebro produz 2 milhões de gigabytes de
dados, e como um cérebro contém cerca de 1,2 milhão de milímetros
cúbicos, o total de dados produzido por ele teria de ser medido em
yottabytes – que equivalem a 1 milhão de vezes o volume de dados que
circula hoje pela internet. Dá para imaginar?
É sensacional. Significa que, um dia, a ciência terá instrumentos para
somar tudo que está sendo levantado pela Operação Lava Jato em termos do
dinheiro desviado pelos ministérios, estatais, cartéis, empreiteiras,
executivos, políticos, tesoureiros do PT, doadores de campanhas,
lobistas e laranjas, e usado para subornos, propinas, vitória em
concorrências, contratos com órgãos públicos, licitações falsas, lavagem
de dinheiro, financiamento ilegal de partidos, pagamento de palestras,
manutenção do esquema de poder e enriquecimento pessoal.
No fim de 2014, um obscuro diretor da Petrobras, acuado pela Lava Jato,
comprometeu-se a devolver US$ 100 milhões aos cofres públicos. Na semana
passada, uma única empreiteira fez acordo para devolver R$ 700 milhões.
Isso dá uma pálida ideia do dinheiro desviado? Fala-se que o montante
do que foi roubado chegaria a R$ 18 bilhões, dos quais a Lava Jato teria
recuperado, até agora, 10%: R$ 1,8 bilhão. Mas talvez o total do que
sumiu só possa ser calculado em yottabytes.
Não admira que não haja dinheiro para educação, saúde, estradas,
segurança pública, aposentadorias e investimentos. Espera-se que, um
dia, alguém pague por isto. Por enquanto, é o povo.
extraídaderota2014blogspot
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