Jornalista Andrade Junior

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

"Cálculo em yottabytes",

por Ruy Castro Folha de São Paulo


Nos EUA, a ciência está vasculhando o cérebro humano em termos de milionésimos de milímetro –pense numa cabeça de alfinete dividida por mil. O problema é que ainda não há computadores que comportem a quantidade de informação que o bicho é capaz de gerar. Se for verdade que um milímetro cúbico de cérebro produz 2 milhões de gigabytes de dados, e como um cérebro contém cerca de 1,2 milhão de milímetros cúbicos, o total de dados produzido por ele teria de ser medido em yottabytes – que equivalem a 1 milhão de vezes o volume de dados que circula hoje pela internet. Dá para imaginar?
É sensacional. Significa que, um dia, a ciência terá instrumentos para somar tudo que está sendo levantado pela Operação Lava Jato em termos do dinheiro desviado pelos ministérios, estatais, cartéis, empreiteiras, executivos, políticos, tesoureiros do PT, doadores de campanhas, lobistas e laranjas, e usado para subornos, propinas, vitória em concorrências, contratos com órgãos públicos, licitações falsas, lavagem de dinheiro, financiamento ilegal de partidos, pagamento de palestras, manutenção do esquema de poder e enriquecimento pessoal.
No fim de 2014, um obscuro diretor da Petrobras, acuado pela Lava Jato, comprometeu-se a devolver US$ 100 milhões aos cofres públicos. Na semana passada, uma única empreiteira fez acordo para devolver R$ 700 milhões. Isso dá uma pálida ideia do dinheiro desviado? Fala-se que o montante do que foi roubado chegaria a R$ 18 bilhões, dos quais a Lava Jato teria recuperado, até agora, 10%: R$ 1,8 bilhão. Mas talvez o total do que sumiu só possa ser calculado em yottabytes.
Não admira que não haja dinheiro para educação, saúde, estradas, segurança pública, aposentadorias e investimentos. Espera-se que, um dia, alguém pague por isto. Por enquanto, é o povo.
extraídaderota2014blogspot

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