Jornalista Andrade Junior

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

UM GENERAL QUE CONVERSA

CARLOS CHAGAS 

 Foi na segunda-feira passada. Na sede da entidade, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil lançava um livro de conotação jurídica, cercado de associados, quando chegou o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski. Vinha prestigiar o autor. Como sempre acontece em reuniões de advogados, a oportunidade foi aproveitada para saudações e discursos. Nada haveria a registrar não fosse o conteúdo das palavras do chefe da mais alta corte nacional de Justiça. Ele dedicou longos minutos a exaltar a pessoa do Comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas, que nem estava presente e, muito menos, relaciona-se com a ciência jurídica, apesar da postura eclética que adota nos intervalos do desempenho de suas funções castrenses. É conhecido por reunir-se com representantes das diversas categorias sociais, de empresários, intelectuais e, obviamente, advogados e ministros de tribunais superiores. Como Lewandowski.

Nada há a estranhar. Já se foram os tempos bicudos em que qualquer conversa de general acendia luzes amarelas nos variados semáforos de Brasília. Ressalte-se, apenas, que o Comandante do Exército não parece seguir o figurino de seus antecessores mais recentes, empenhados em praticar o isolamento e o mutismo. Afinal, as Forças Armadas integram as instituições nacionais. Por que não ouvi-las?

NÃO SERÁ ELE…

O vice-presidente Michel Temer comentou, dias atrás, necessitar o país de alguém capaz de uni-lo. Muita gente supôs estar-se referindo a ele mesmo, coisa que não correspondia à sua postura cautelosa e cordata. Auxiliares da presidente Dilma conseguiram envenená-la e o resultado foi uma espécie de isolamento de Michel, apesar de sua condição de coordenador político  do governo. A tréplica não se fez esperar, sobrevindo informações de que entregará a missão, considerando-a cumprida depois da aprovação do ultimo projeto do ajuste fiscal.

Ontem, bombeiros do palácio do Planalto tentavam apagar o incêndio, mas não estava fácil. De qualquer forma, a conclusão será de que o vice-presidente, se pretendia, perdeu as condições de aglutinador de soluções inusitadas. Não poderá unir nada. Ainda mais se progredir no Tribunal Superior Eleitoral o pedido do ministro Gilmar Mendes para investigações sobre a existência de dinheiro podre na campanha petista do ano passado.

Nesse caso, se anulada a eleição, a nulidade atingiria a presidente Dilma e seu vice. Como Eduardo Cunha e Renan Calheiros, na fila sucessória, encontram-se impossibilitados de unir até seus respectivos plenários, a bola cairia nos pés de Ricardo Lewandowski, mesmo por noventa dias para convocar novas eleições.
EXTRAÍDADATRIBUNADAINTERNET

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