por Fernando Canzian FOLHA DE SÃO PAULO
"É lógico que ela pode errar, como eu errei e como qualquer um erra
enquanto mãe. Nem sempre a gente faz as coisas que são 100% aceitas
pelos filhos", disse Lula na terça (11). "Mas quando ela errar, ela é
nossa mãe e temos de ajudá-la a consertar".
Há algo de mais atrasado vindo de uma pessoa que já foi o presidente
mais popular de uma democracia de 200 milhões de habitantes?
A regressão política faz com que Lula parta agora para uma tentativa de regressão psíquica da sociedade.
Para que essa sociedade, assustada e perdendo empregos, os veja como
papai e mamãe que só pisaram na bola. Que espere, suporte, se conforme e
ajude o PT e a presidente mais impopular do Brasil a tirá-los dessa
situação.
Lula acha que sabe o que faz e que conhece seu público: o país da "Pátria Educadora", de maioria pobre e educação ruim.
Mas nesse processo de regressão, Lula e Dilma estão sendo obrigados a se
fechar só no que ainda resta: a base social do PT "hardcore"; agora
financiada com dinheiro de toda uma sociedade que desaprova em massa o
governo.
Como a tal Marcha das Margaridas em Brasília na quarta (12). Contraponto
aos prováveis protestos de domingo e recebida por Dilma, teria reunido
30 mil pessoas, segundo a PM. Ao custo de R$ 855 mil da Caixa Econômica
Federal, do BNDES e da Itaipu Binacional.
Apesar da grande popularidade de Lula e Dilma nos seus melhores
momentos, eles pouco fizeram para transformar estruturalmente o Brasil
que governam há 12 anos e meio.
Lula surfou na onda das commodities em alta e no maior ciclo de
crescimento global (até 2007) do pós-Segunda Guerra. Não fez reformas
que pudessem ajudar a melhorar as contas públicas no longo prazo. Só
ampliou gastos.
Dilma pegou o bastão com o país crescendo 7,5% e com problemas à época
relativamente fáceis de resolver. Inventou estratégias econômicas
extravagantes e também nada produziu de novo para mudar o estrutural. Só
ampliou gastos.
Vivemos um longo período sob gastos públicos, crédito e consumo em alta.
Enquanto a indústria perdia a metade de sua participação no PIB,
investia-se pouco e importávamos para valer, criando empregos lá fora.
Só agora, pelas mãos de um ministro adotivo, mamãe impopular quer passar
no Congresso, a toque de caixa, reformas que poderiam ter sido feitas
em três longos mandatos populares. Como perdemos tempo.
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extraídaderota2014blogspot





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