Sandra Starling
Intelectuais do porte de Mário Pedrosa, Sérgio Buarque de Hollanda, Antonio Candido, Marilena Chauí, para citar apenas esses, contribuíram com a força de suas mentes privilegiadas, somando esses conhecimentos com a democracia de base, em que os “de baixo” efetivamente tinham sempre a última palavra. Havia líderes de trabalhadores rurais, ambientalistas como Chico Mendes, sindicalistas como Lula, João Paulo Pires Vasconcelos e Olívio Dutra. Antigos militantes, como Apolônio de Carvalho e José Ibrahim. Estrelas que despontavam nos movimentos de favela, como Benedita da Silva. Vítimas da ditadura militar, como Manoel da Conceição, de Pernambuco, nossa inesquecível d. Helena Grecco e milhares de anônimos militantes, barulhentos em suas manifestações e entusiasmados com a maneira distinta de fazer política.
NÃO HAVIA CHEFES
Eu vi tudo isso acontecer. Não havia chefes que impusessem suas vontades à vontade de viver uma experiência nova de produzir novos caminhos na política brasileira. José Dirceu, Vladimir Palmeira, Luiz Gushiken… todos tinham a mesma força e convenciam ou não os delegados em encontros memoráveis.
Aí residiram a força e a beleza daquele partido.
A institucionalidade a tudo isso absorveu. Até que, diante da “Carta aos Brasileiros”, de 2002, com que Lula logrou vencer o medo e fazer-se presidente do Brasil, esse documento, por muitos tido como manobra tática, acabou por acabar com o sonho de todos os que lá se agrupavam. Pouco a pouco foram aparecendo os melhores, os que sabiam mais que outros, os que mandavam mais que todos.
Ortellado faz uma previsão sombria: serão necessários mais 20 ou 30 anos até que surja algo assim. E aposta que uma sociedade civil organizada, mas não subjugada a partidos, governos ou líderes carismáticos, possa fazer abreviar esse parto.
TODOS SE PERDERAM
De minha parte, eu apenas acrescentaria que não foi só o PT que se perdeu. Também o PSDB, que surgiu lutando contra o fisiologismo que começava a se instalar no antigo MDB. E, mesmo nas fileiras desse PMDB, quem não se recorda de nomes combativos que davam a tônica também representando outros excluídos?
Diante dos arremedos de partido que hoje vemos atuar nos espaços institucionais ou no que resta de movimento social organizado, a saudade bate forte. Mas a esperança precisa continuar existindo.
EXTRAÍDADATRIBUNADAINTERNET
0 comments:
Postar um comentário