Catia Seabra Folha
Preocupado com o desgaste da imagem do partido, o comando petista discute a adoção de um caminho que, na prática, poderá encobrir sua sigla, PT, nas futuras eleições. Segundo petistas, o ex-presidente Lula é um dos incentivadores da criação de uma frente inspirada no modelo uruguaio: uma grande coalização que reuniria sindicatos, associações, outros partidos, ONGs e outras entidades de movimentos sociais.
Por essa fórmula, as candidaturas seriam lançadas em nome da coalizão, não mais pelos partidos que a integram. No Uruguai, a Frente Ampla, que congrega diferentes legendas e grupos sociais, governa o país desde 2005. É composta por siglas autônomas sob o comando de uma direção unificada. O ex-presidente José Mujica, por exemplo, é do partido MPP. Mas sua candidatura foi lançada pela frente.
O presidente do PT, Rui Falcão, afirma que essa solução será tema de debate no 5º congresso do partido, em junho, na Bahia. Ele diz, no entanto, que a intenção não é apagar a sigla PT das disputas majoritárias, mas reanimar a discussão interna e atrair movimentos sociais.
“Vejo com simpatia a ideia de que, no bojo da reforma política, se abra espaço para a criação de um movimento que leve à experiência como a da Frente Ampla, no Uruguai, e a da Concertação, no Chile”, disse, numa alusão também à aliança que, em 1988, derrotou o ditador Augusto Pinochet.
FRENTE AMPLA
Assessor especial da Presidência e um dos conselheiros de Lula, Marco Aurélio Garcia afirma que o PT precisa discutir “uma política mais complexa” de organização partidária. “A Frente Ampla é uma das alternativas que contam com nossa simpatia. Eu e Lula já conversamos muito sobre esse sistema”, diz.
Segundo Garcia, “o momento é adequado” para isso, desde que também haja uma reflexão mais profunda sobre o partido.
Para explicar o funcionamento do sistema aos petistas, a secretaria de assuntos internacionais do PT está organizando uma palestra com um representante da Frente Ampla uruguaia.
Esse debate expressa um esforço de Lula em busca de uma saída para a crise petista, acentuada agora pela baixa popularidade de Dilma e pelas acusações contra membros do partido na Operação Lava Jato.
Embora a proposta enfrente resistência interna, a discussão de um novo modelo poderia atrair movimentos sociais em defesa do governo.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Em função do progressivo e inexorável desgaste do PT, Lula e seus seguidores já armam esse criativo ardil e argumentam que se trata de experiência bem sucedida em outros países. Acontece que existe uma diferença enorme. No Uruguai e no Chile, essas coalizões se formaram espontaneamente, por convergência de objetivos, e nenhum dos partidos participantes era personagem do maior esquema de corrupção do mundo. No caso do PT, trata-se de um partido totalmente desmoralizado e que tenta se amparar em movimentos sociais, sindicatos e ONGs, na esperança de ganhar uma sobrevida. Apenas isso. (C.N.)
extraídadatribunadainternet
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