por Ruy Castro Folha de São Paulo
A Velhinha de Taubaté, lembra-se? Luis Fernando Verissimo criou-a no
governo Figueiredo (1979-1985). Quando ninguém mais aguentava os
militares no poder, e já se podia dizer isso sem o risco de uma
temporada no Doi-Codi, a Velhinha ainda acreditava em tudo que eles
declaravam. A ditadura acabou, vieram Sarney, Collor, Itamar, FHC e
Lula, e a Velhinha foi fiel a todos. Só no caso do mensalão, em 2005,
ela pareceu vacilar –seu herói, o ex-ministro Antonio Palocci, era um
dos suspeitos. Antes que ela morresse de desgosto, Verissimo a evaporou.
Mas temo que a dinastia da Velhinha de Taubaté seja como a do Fantasma, o
personagem de Lee Falk que, há 400 anos, reina sobre uma tribo de
pigmeus do golfo de Bengala, e eles não desconfiam que seja uma sucessão
de pai para filho. A Velhinha original pode ter morrido, mas nesses dez
anos já houve tempo para que, até à revelia do Verissimo, ela tenha
sido sucedida por uma filha, tão velhinha e crédula quanto.
Se não for assim, tenho uma amiga aqui no Rio que decididamente a incorporou.
É a última a acreditar em tudo que o governo diz. O petrolão, por
exemplo, ela afirma que é coisa da elite branca, inconformada porque
perdeu a eleição. E que se, por acaso, alguns praticaram malfeitos na
Petrobras, Dilma e Lula não sabiam de nada do que aconteceu sob suas
barbas nos últimos 12 anos.
A cada escândalo diário ligando as contas do PT a milhões de dólares de
propinas e desvios, ela garante que todos esses desvios e propinas foram
cometidos legalmente.
Aliás, a nova Velhinha está convencida de que nunca na história deste
país um governo mandou investigar tanto a corrupção quanto o de Dilma.
Só não entende por que essa investigação ordenada pela presidenta não
para de descobrir tantos podres no próprio governo que comanda a
investigação.
EXTRAÍDADOBLOGROTA2014
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