Eduardo Militão Correio Braziliense
O Ministério Público Federal (MPF) está confiante na condenação do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto por corrupção e lavagem de dinheiro. Já existem provas documentais e indícios suficientes para mantê-lo na prisão. A avaliação é do procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima, 50 anos, chefe da força-tarefa de nove integrantes do MPF na Operação Lava-Jato. Lima refuta a tese de que as acusações contra o ex-chefe do caixa do partido que comanda o país há 12 anos — o da presidente Dilma Rousseff — se baseiam apenas na palavra de criminosos.
Após acordo para reduzirem suas penas, cinco delatores disseram que Vaccari sabia que o dinheiro recebido como doação eleitoral oficial vinha de esquemas de corrupção na Petrobras: os executivos Eduardo Leite, da Camargo Corrêa; Augusto Mendonça, da Setal; o ex-gerente da estatal Pedro Barusco; o ex-diretor da petroleira Paulo Roberto Costa; e o doleiro Alberto Youssef.
“Temos cinco colaboradores independentes e que não participam das mesmas relações e mesmos esquemas”, disse Lima, em entrevista ao Correio, na semana passada, quando a Polícia Federal prendeu Vaccari e o colocou na carceragem ao lado de acusados do núcleo político do caso: os ex-deputados André Vargas, Luiz Argôlo e Pedro Corrêa.
GRÁFICA DO PT E DA CUT
Augusto Mendonça disse que o então tesoureiro ordenou que fossem feitos pagamentos à gráfica Atitude, ligada ao PT e à CUT, que foi multada por fazer campanha para Dilma em 2010 e que prestou serviços à Presidência da República, como mostrou o Correio semana passada. O Ministério Público também tem os comprovantes das doações eleitorais da Setal e da Camargo Corrêa para o partido.
“A soma de diversos indícios — não de provas — é suficiente para condenar”, disse o procurador. Ele destacou que existem mais documentos dos repasses do dinheiro e da formação de um cartel na Petrobras. “Você tem que olhar a pintura como um todo”, afirmou Lima. “É como uma pintura impressionista. Se você olhar de perto, vê um borrão. Se olhar de longe, vê uma paisagem.”
DEVOLUÇÃO DE DINHEIRO
Os procuradores da Lava-Jato estudam medidas para obrigar os partidos políticos a devolver em o dinheiro que receberam como doações eleitorais, mas que vieram de desvios de verbas da Petrobras. Estão nesse caso também o PMDB e o PP. A construção dessa tese é analisada dentro e fora do Ministério Público. Fontes do caso ouvidas pelo Correio na semana passada sustentam que, se os partidos não souberem da origem ilícita dos recursos, podem se livrar de um processo criminal, mas não da devolução dos valores.
Seria semelhante ao que ocorre quando alguém compra de boa-fé um carro roubado. O verdadeiro dono do veículo tem que receber seu patrimônio de volta independentemente do prejuízo do comprador.
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