Folha de São Paulo
O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), disse que a posição do
partido em relação ao pedido de impeachment contra Dilma Rousseff será
tomada com "cautela e responsabilidade" e de forma conjunta com os
partidos de oposição.
Em nota divulgada no ultimo sábado, Aécio afirmou que o partido
continuará ouvindo juristas a respeito das denúncias contra o governo
federal.
A posição do senador vai no sentido oposto à adotada pela sigla na
Câmara –o líder do bloco, Carlos Sampaio (SP), havia afirmado nesta
sexta (24) que a bancada decidiu já existirem elementos suficientes para propor imediatamente o impeachment de Dilma, não havendo necessidade de aguardar fatos novos ou pareceres jurídicos.
"Sampaio cumpre corretamente seu papel ao externar a já conhecida
posição da bancada da Câmara sobre impeachment [...], mas a definição do
PSDB enquanto partido será tomada com a cautela e responsabilidade que
têm pautado nossa posição até aqui", disse Aécio.
Nesta sexta (24), Sampaio afirmou que comunicaria a Aécio na terça-feira
(28) a posição dos deputados tucanos, com a apresentação do pedido de
impeachment no mesmo dia ou no dia seguinte, quarta-feira (29).
"O que vou dizer ao Aécio é que na visão da bancada não tem mais o que
aguardar. A Câmara é quem decide sobre a abertura do impeachment, então o
protagonismo tem que ser da bancada da Câmara. Ela tem que tomar uma
decisão e a decisão já foi tomada: o impeachment é cabível e não temos
que aguardar mais nenhum parecer", afirmou.
RECUO
Aécio chegou nos últimos dias a subir o tom contra Dilma e a indicar que o partido encabeçaria o impeachment. Mas acabou recuando após
o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-governador José Serra,
entre outros, manifestarem opinião contrária ao pedido de impedimento
neste momento.
O presidente do PSDB encomendou uma análise técnica sobre o tema, mas o jurista Miguel Reale Júnior pediu um prazo maior para elaborá-la.
Segundo Carlos Sampaio, isso não é necessário porque a bancada na
Câmara já tem pronto o pedido, que é baseado principalmente na suposta
responsabilidade de Dilma sobre o escândalo na Petrobras e sobre as
chamadas "pedaladas fiscais", as manobras realizadas pelo Tesouro para
fechar as contas públicas.
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