Que bom te ver por aqui, seja bem vindo. Neste espaço busco repassar a informação séria, sem censura. Publico artigos e notícias que estão na internet e que acredito serem de interesse geral. Também publico textos, vídeos e fotos de minha autoria. Nos textos há sempre uma foto ou um gif, sempre ilustrativa, muitas vezes, nada tem a ver com o texto em questão. Para entrar em contato comigo pode ser em comentários nos artigos ou, então, pelo e mail andradejrjor@gmail.com.
Não queira pegar todas as mulheres do mundo, mas cuide bem daquelas que vierem a sua cama
Em nosso mundo, não há natureza das coisas, entende-se que tudo seja uma construção social.
Delírio puro. Prefiro os antigos, justamente por perceberem que são os limites que nos humanizam, e não o desejo sem limites.
Os
inteligentinhos dirão coisas como "conservador!". Mas a vida segue, o
mundo se acabará um dia, e os inteligentinhos dirão, em seu último grito
de agonia, "opressão!".
Mas não quero falar de política, que trato apenas como quem lida com uma ferida para que ela não se infeccione em demasia.
Quero
falar de epicurismo. Não a ideia banal de epicurista como alguém que
vai muito ao shopping ou come todas as gostosas do mundo (o sonho de
qualquer cara normal). Falo do epicurismo antigo, do filósofo grego
Epicuro (341 a.C. "" 270 a.C.). De Lucrécio (cerca de 96 a.C. "" cerca
de 55 a.C.), filósofo latino, autor do poema "Da Natureza das Coisas".
Para
ambos, a natureza da realidade é ser contingente. Isso quer dizer que
"o fundo da realidade" é o acaso (que é a mesma coisa que contingência
em filosofia).
Esse acaso é o movimento livre e sem ordem dos
átomos. Portanto, tanto Epicuro quanto Lucrécio eram atomistas, o que é a
mesma coisa de dizer que eram materialistas. A alma, esse "ar", se
perde no momento da morte.
Como dizia Epicuro, quando eu estou, a
morte não está, quando ela está, não estou. Ou seja: não há o que temer
na morte porque ela é uma libertação da eterna contingência que move um
destino cego. E a melhor coisa nisso é que a "consciência" desaparece.
Essa ideia me parece insuperável como liberdade. Ter a pedra como destino é meu sonho de eternidade.
Sendo assim, morreu, acabou. Muita gente teme uma possibilidade como essa.
Eu
tendo a achá-la sedutora principalmente quando suspeito que viver para
sempre seria como ser obrigado a beber água para sempre, mesmo tendo
passado a sede.
Vejo beleza nisso tudo. A contingência liberta,
mas não no sentido moderninho de que por isso podemos nos "inventar" ao
bel prazer. Isso é coisa de "teenager".
Mas, justamente o
contrário: meu desejo também é contingente, como tudo mais. Dar asas a
ele é ter fé de que eu, diferentemente do resto do universo, não sou
também feito à semelhança do acaso.
Só os iniciantes confiam em
si próprios. Meu desejo é a porta de entrada por onde a contingência se
instala do seio da minha alma.
Não, a beleza está no que os
antigos epicuristas viam nessa condição: sem deuses, sem eternidade,
fruto do acaso, essa é a natureza das coisas, ser cega.
O prazer
de Epicuro era justamente o de escapar da escravidão do desejo, não essa
ideia contemporânea de que viver a realização contínua do desejo é a
felicidade.
A concepção contemporânea de felicidade é brega, coisa de gente que se emociona quando um novo shopping é aberto na cidade.
Lucrécio entendia que a cegueira da natureza é a natureza das coisas.
É
dela não carregar sentido em si mesma, e por isso é tão importante:
porque me lembra continuamente que a vaidade e as expectativas, com o
tempo, se tornam um tormento.
Não é totalmente absurdo escutarmos
aqui o sábio israelita, também antigo, que escreveu o "Eclesiastes"
(Velho Testamento): "vaidade, tudo é vaidade".
A grande questão é
como se sustenta uma vida feliz decorrente dessa natureza das coisas.
Podemos dizer que decorre, antes de tudo, do "relaxamento" do desejo que
a consciência da contingência traz: a sabedoria da natureza é ela ser
puro átomo e não uma lei.
Não há "missão" na vida. Viver segundo
os prazeres do trabalho, da mesa e do corpo da mulher é tudo que podemos
fazer. O puro prazer de existir.
Sem excessos, do contrário, nos tornamos escravos do trabalho, da mesa e do corpo da mulher.
Não
porque uma danação eterna nos espera (ninguém nos vigia), mas porque o
excesso do desejo destrói seu próprio usufruto na medida em que nos
desesperamos com a possível falta do objeto desse desejo.
Dito de
forma simples: não queira pegar todas as mulheres do mundo, mas cuide
bem daquelas que, por graça da contingência, vierem a sua cama.
Como profissional, trabalhei como apresentador, repórter, redator, produtor, diretor de jornalismo em várias emissoras de rádio - Rádio Difusora de Pirassununga, Rádio Cultura de Santos e São Vicente, Rádio Capital de Brasília, Rádio Alvorada de Brasília, Sistema Globo de Rádio/DF, Rádio Manchete FM/DF, Rádio Planalto de Brasília e 105 FM DF e Rádio Cultura de Brasília. Fui Professor de Radiojornalismo no CEUB. Funcionário concursado da Secretaria de Saúde do Distrito Federal requisitado pelo TCDF até me aposentar em fevereiro ultimo. Também trabalhei, nos anos 70 no jornal O Movimento de Pirassununga.
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