por Carlos Heitor Cony FOLHA DE SÃO PAULO
Assisti, constrangido, à sessão da CPI que está discutindo, mas não
ainda decidindo, o escândalo que não sei por que é chamado de Lava Jato,
como se o Brasil fosse um carro enlameado que podia ser limpo com um
jato da água.
Evidente que a nação está cheia de lama, mas com lama ou sem lama
poderia andar e chegar ao destino de um país que pretende tornar-se
grande e respeitado pela comunidade internacional.
O carro está enguiçado, não vai para frente e nada foi feito até agora
para botá-lo em funcionamento normal por falta de combustível.
Diminuir ministérios, cujo número chegou ao absurdo, fará uma economia
de palitos. Primeiro, não deveria haver tantos ministérios, que
constituíram um erro dramático para um país que não precisaria de tantos
pajés, na maioria ociosos.
A demissão e o fechamento de tantos califados aumentarão a oposição e
até mesmo a conspiração contra Dona Dilma. Uma cambada de funcionários
dificilmente poderá ser absorvida pela administração pública, criando
uma legião de descontentes e de desempregados que enfrentarão um mercado
potencialmente em decomposição, dada a taxa de demissões sucessivamente
mais alta.
Além disso, a máquina administrativa não está apenas enlameada pela corrupção.
Há também a incompetência cada vez maior da cúpula que nos governa.
Um ou outro benefício social não dá para resolver os problemas nacionais
mais graves que estão levando o Brasil para trás. O problema maior da
situação atual é o flá-flu instalado na própria CPI, com a base do
governo botando a culpa no passado, principalmente em FHC e no PSDB.
Evidente que acumulamos erros em administrações antigas. O PT não pode
se desculpar porque a corrupção e a incompetência chegaram ao Brasil com
as caravelas de Pedro Álvares Cabral.
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