Carlos José Marques, diretor editorial de IstoE
Há uma espécie de reducionismo ideológico tomando conta do Partido dos
Trabalhadores. Só esse fenômeno seria capaz de explicar a quantidade de
mensagens velhas e equivocadas que ele tenta incutir na cabeça dos
brasileiros, eleitores ou não, através da propaganda que passou a
veicular incessantemente em veículos de rádio e televisão. Três falsos
pilares sustentam a ladainha de desculpas: a de que o Partido é vítima
da intolerância dos opositores; a de que os protestos de rua são feitos
por quem é contra os avanços dos pobres; e, finalmente, a de que as
investigações de corrupção ocorrem porque o governo assim determinou.
Mesmo pilhado sistematicamente em desvios, com vários de seus preciosos
quadros levados à cadeia – de José Dirceu a Genoíno, de Delúbio a André
Vargas, e agora o tesoureiro Vaccari –, o PT dá sinais de viver em modo
de negação. Está cada vez mais claro, escancarado aos olhos de boa parte
do País, que o “mensalão”, o “petrolão” e sabe-se lá quantas outras
tramoias mais foram produzidas para sustentar um projeto de poder que a
agremiação organizou, de forma sistêmica, nos últimos 12 anos. A
Justiça, a polícia, o Ministério Público e os órgãos competentes estão
abarrotados de provas, testemunhos e evidências nesse sentido. E o
número de processos não para de aumentar. Lula disse há alguns dias, por
ocasião de um congresso de metalúrgicos da CUT em São Paulo, que “há
dez anos há uma política premeditada de criminalizar o PT”. Buscou negar
os fatos na vã ilusão de escapar deles. Fez mais. Partiu ao devaneio:
“Até agora, todos que roubaram têm diploma”. Parece existir algo de
recalque na fala do ex-presidente. E tal qual ele, os líderes do PT vão
ao ataque, desdenhando das manifestações e de seus participantes. Não
percebem que, nessa toada, vão aumentando o desgaste da própria sigla.
Tamanho escapismo de visão desses senhores só não é maior que a intenção
premeditada de distorcer a realidade. No tocante ao combate à
corrupção, por exemplo. “Nunca eles vão reconhecer que o PT criou os
instrumentos de investigações nesse País”, disse Lula em seu delírio de
autopromoção durante o mesmo Congresso da CUT. Não há, é evidente,
qualquer elo de responsabilidade ou mérito do overno – e, por
conseguinte, do Partido que lhe dá sustentação – nas investigações em
curso ou nas passadas. Reza a Constituição que a Polícia Federal, o
Ministério Público e o Poder Judiciário possuem autonomia funcional e
administrativa, agindo como organismos absolutamente independentes da
vontade e ordens do Executivo. Não são, portanto, instrumentos do
governo, sujeitos a seus interesses. Daí decorre, naturalmente, o avanço
de operações bem-sucedidas que levaram à prisão do tesoureiro Vaccari. O
PT acusou o golpe e reagiu com as alegações de sempre: “prisão
política”, “injustificada”, “desnecessária”. Não sabe o que diz e segue
alienado diante da extensa lista de acusações que pesam sobre seus
filiados. O constrangimento, para dizer o mínimo, de ter o homem do
cofre petista atrás das grades atinge em cheio governo e Partido.
EXTRAÍDADOBLOGROTA2014
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