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07:22
ANDRADEJRJOR
MERVAL PEREIRA O GLOBO

Para o Itamaraty, o
reatamento dos EUA com Cuba pode acontecer até 9 de abril, antes da
Cúpula das Américas, que se realiza no Panamá no dia 10. Há como sempre
alguns problemas de última hora a resolver, especialmente em direitos
humanos e cooperação consular, mas a sensação entre os diplomatas que
acompanham a negociação é que as duas partes têm a vontade política
necessária para superar os últimos obstáculos ao reatamento antes
daquela data.
A decisão será tomada não apenas porque já está
madura, mas com o temor de que a crise da Venezuela e sua disputa com os
Estados Unidos tomem todo o espaço da reunião. O clima político na
reunião poderá ser afetado favoravelmente caso o presidente Barack Obama
chegue com a relação com Cuba normalizada.
O Brasil está tendo
uma atuação paralela importante no reatamento, não apenas porque foi,
através de sua diplomacia, um dos países que mais pressionaram Cuba a
aceitar a aproximação com os Estados Unidos, como está se propondo a
auxiliar no que for preciso para ajudar no desdobramento do reatamento.
Ao
contrário do que se gaba o governo brasileiro, o Porto de Mariel, o
investimento mais visível e paradoxalmente mais secreto do governo
brasileiro em Cuba, não terá nenhuma importância para o Brasil nessa
nova fase. No máximo nos agregará prestígio num país onde já tínhamos
uma importância política e econômica devido às proximidades ideológicas
do PT com a ditadura cubana.
O Brasil não será dono do porto de
Mariel, embora tenha emprestado mais de R$ 1 bilhão através de um acordo
secreto com o BNDES para a Odebrecht ampliar e modernizar o porto, que
continua sendo do governo cubano. E foi o governo cubano que escolheu
para administrar o porto a PSA International, uma das maiores companhias
de Cingapura.
Na transição de um país fechado para o mundo, para
a abertura que proporcionará o reatamento com os Estados Unidos, mesmo
com o embargo econômico ainda em vigor, o Brasil terá, sim, um papel
importante. O Banco Central brasileiro já foi colocado à disposição de
Havana para ajudar em detalhes técnicos para que Cuba reorganize suas
finanças, a fim de se habilitar a empréstimos estrangeiros de bancos e
organismos internacionais.
Um seminário com especialistas que
tiveram a experiência da transição da URV para o Real na implantação do
Plano Real está sendo programado para ser realizado em um centro de
estudos cubanos, para preparar a transição do CUC para o peso, e
amenizar os problemas da mudança de moeda, que será importante para
facilitar o turismo após o reatamento.
O Peso Cubano Conversível (
CUC) é uma das duas moedas oficiais em Cuba, juntamente com o Peso
Cubano ( CUP), dinheiro utilizado pelos locais, e empregado nas
transações econômicas de exportação e importação.
O peso
conversível ( CUC), administrado pelo próprio governo, foi criado devido
à desvalorização do peso cubano frente às moedas estrangeiras com o fim
do bloco socialista. Até 2004, o dólar na ilha podia ser usado para
desde o pagamento de corridas de táxi até refeições nos paladares,
restaurantes frequentados por turistas estrangeiros.
Com isso,
criou-se uma nova classe, a dos que ganhavam em dólar, e até mesmo
trabalhadores na cadeia turística passaram a receber gorjetas em dólar,
criando um problema político que acabou levando à proibição da
circulação da moeda americana. Como é uma ficção cubana, o CUC não é
reconhecido por nenhum banco central no mundo.
Há ainda uma
dificuldade extra para os turistas estrangeiros: cartões de crédito
americanos não são aceitos em Cuba. Por tudo isso, será preciso montar
um esquema de transição para que os novos turistas americanos, que já
começam a chegar, possam usufruir da ilha, e Cuba possa voltar a receber
dólares sem criar problemas sociais adicionais.
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