editorial da Folha de São Paulo
A prostração do governo Dilma Rousseff (PT) não se verifica apenas
diante da crise política e econômica. Também em face da questão
ambiental -desmatamento e mudança do clima, sobretudo- o Planalto se
encontra na defensiva.
O ano de 2015 entrará para a história como aquele em que se adotou o
Acordo de Paris, com a ambição de combater os efeitos do aquecimento
global. O Brasil, com o trunfo da redução de 83% nas derrubadas de
floresta amazônica de 2004 a 2014, poderia ser um dos líderes da
negociação. Mas não é.
Em 2009, na frustrada Conferência do Clima em Copenhague, o país
surpreendeu o mundo com um compromisso voluntário de cortar em 80% o
desmatamento na Amazônia. As taxas de destruição indicam que a meta será
cumprida.
Nada está garantido, entretanto. Em primeiro lugar, os índices anuais de
desmate ainda oscilam muito. Em 2013, após quatro anos de quedas,
registrou-se aumento de 29%. Em 2014, redução de 18%.
A área devastada, nos últimos seis anos, variou em torno de 5.000 km2. O
governo federal parece dar-se por satisfeito com esse desempenho,
embora seja uma das maiores taxas de desmatamento do mundo.
Em segundo lugar, há indícios de que a destruição pode recrudescer neste
ano. O sistema oficial de monitoramento por satélite (Prodes) só
divulgará o novo dado anual (agosto de 2013 a julho de 2014) na véspera
da Conferência de Paris, mas sistemas de alerta indicam aceleração das
derrubadas desde agosto passado.
Em terceiro lugar, especialistas afirmam que o governo Dilma não só
diminuiu os dispêndios em prevenção e combate ao desmatamento como
também mudou seu perfil.
Divulgado na terça-feira (31), levantamento do portal Infoamazônia sobre
gastos realizados na área registrou redução de 72% nos desembolsos na
comparação com o segundo mandato de Lula.
Além disso, as despesas privilegiaram ações de repressão do Ibama, em
prejuízo daquelas de regularização fundiária e criação de alternativas
econômicas à exploração predatória. Sem estas, será difícil dar novos
passos na redução do desmatamento e de sua contribuição para o
aquecimento global.
Por fim, o governo deixou de apresentar, no prazo encerrado na terça,
suas novas metas para combater o efeito estufa após 2020. Os EUA
detalharam como pretendem cortar de 26% a 28% de sua poluição até 2025;
outros também divulgaram seus planos, como Suíça, União Europeia,
Noruega e México. O Brasil parece inclinado a só fazê-lo na última hora,
em outubro.
EXTRAÍDADOBLOGROTA2014





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