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08:00
ANDRADEJRJOR
GUILHERME FIUZA REVISTA ÉPOCA
As manifestações de 15
de março não tiveram a menor importância. Como todo mundo sabe,
manifestação que vale é aquela à qual o pessoal vai de vermelho em troca
de sanduíche de mortadela. As multidões que tomaram o país de
verde-amarelo, sem bandeiras partidárias ou sindicais, não contam. O
mais chocante de tudo, porém, é o que está acontecendo com Dilma
Rousseff: o procurador-geral da República e o ministro relator do
petrolão no STF declararam que ela é inocente por antecipação. E o
Brasil acreditou! Nesse ritmo, a próxima manifestação terá milhões de
pessoas nas ruas pedindo a renúncia de Fernando Henrique.
Claro
que a declaração de inocência absoluta de Dilma, a ponto de não poder
sequer ser investigada, é uma piada. Por enquanto, para inglês rir. O
que fez John Oliver, no seu programa na HBO, ao comentar que Dilma
presidiu o Conselho de Administração da Petrobras enquanto o escândalo
devorava a estatal, e foi isenta de suspeitas? Caiu na gargalhada. E
terminou o programa batendo panela em sua bancada, explicando que no
Brasil "it"s time of panelaço" ("é hora de panelaço").
Será que
John Oliver já sabe do Vaccari? Alguém precisa contar a ele que a
Operação Lava Jato denunciou o tesoureiro do PT por cavar propinas do
petrolão para abastecer a campanha de Dilma Rousseff, a base de Dilma
Rousseff, o governo de Dilma Rousseff. Como não é brasileiro, Oliver vai
se escangalhar de rir. O mais divertido (para ele) seria entrevistar o
procurador-geral, Rodrigo Janot, e o ministro do Supremo Teori Zavascki.
A dupla sustenta (e o Brasil acredita) que não há fatos que ensejem uma
investigação sobre Dilma. Sugestão a John Oliver para a hipotética
entrevista com os justiceiros do Brasil: comece perguntando "Who is
Renato Duque?"
Deixem uma UTI móvel na porta dos estúdios da HBO,
porque o apresentador pode ter um piripaque de tanto rir. Vai ser
demais para ele saber que Duque, preso como pivô do escândalo do
petrolão, era homem do partido de Dilma na direção da Petrobras. Que era
preposto de um companheiro de Dilma julgado e condenado por outro mega
escândalo gestado no governo do PT - companheiro este que, mesmo atrás
das grades, jamais foi censurado publicamente por Dilma, a inocente.
Parem a gravação para abanar Oliver, porque ele já está com falta de ar.
Muito
cuidado com a saúde do apresentador inglês, porque é hora de perguntar a
Mr. Zavascki como ele se sente tendo mandado soltar Renato Duque e
sabendo agora que o acusado aproveitou sua liberdade embolsando novas
propinas. Oliver está rolando no chão.
Não detalhem ao
apresentador da HBO o escândalo da compra da refinaria de Pasadena, em
operação presidida pela inocência de Dilma Rousseff no Conselho da
Petrobras. E, por favor, não digam a ele que esse delito e o do
financiamento sujo da campanha dela em 2010 estão sendo engavetados
pelos justiceiros "porque Dilma não estava no exercício da Presidência".
Oliver não encontraria fôlego para perguntar, entre gargalhadas
histéricas, se um presidente que cometeu um homicídio antes de se eleger
também seria poupado de investigações por estar "no exercício da
Presidência".
Dilma Rousseff é a representante máxima de um
projeto político podre, que engendrou os dois mais obscenos escândalos
de corrupção da história da República, e não pode ser investigada
porque... Por que mesmo? Porque o Brasil acredita em qualquer bobagem
que lhe seja dita de forma categórica em juridiquês castiço.
Também
não contem, por favor, a John Oliver que depois de 2 milhões de pessoas
saírem às ruas gritando "fora, Dilma!", a presidente deu uma entrevista
emocionada com a liberdade de manifestação no país que ela ajudou a
conquistar. Como se diz "cara de pau" em inglês, perguntaria o
apresentador, atônito. Ora, Mr. Oliver, faça essa pergunta ao carniceiro
Nicolás Maduro, amigo de fé e irmão camarada da heroína da liberdade.
Assim
é o Brasil de hoje. Dilma não pode ser investigada, e a casta
intelectual que a apoia espalha que a multidão de verde-amarelo contra a
corrupção usava camisas da CBF... Só faltou denunciar os que foram
protestar contra o petrolão pegando ônibus com diesel da Petrobras...
Como se vê, a covardia não tem limite. Vejamos se a paciência tem.
EXTRAÍDADEAVARANDABLOGSPOT
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