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08:44
ANDRADEJRJOR
Merval Pereira o globo
A
tensão política só faz aumentar em Brasília, e reflete a disputa
intestina dentro de um governo sem rumo e sem liderança. A coalizão
governista, artificialmente montada, se desmonta a olhos vistos sem que
exista alguém que possa dar um destino, um caminho, para a rearrumação
da casa.
Há
exemplos de desencontros por todos os lados, e necessariamente a
presidente Dilma está no centro de todos eles, em vez de guia
tornando-se descaminho. Pode ser que eu tenha perdido alguma coisa, mas
há alguma explicação lógica para que uma decisão tomada em novembro do
ano passado possa ser desautorizada quatro meses depois pelo mesmo
governo?
A
repactuação da dívida dos Estados e municípios foi feita durante a
campanha eleitoral, e seria até normal que a presidente, para agradar
cabos eleitorais importantes, tivesse prometido o que não poderia fazer.
Eleita, porém, poderia simplesmente não sancionar o projeto, afirmando
que os tempos eram outros. Seria mais um estelionato eleitoral, mas
teria nexo.
Do
jeito que foi feito, parece que só quando o novo ministro da Fazenda,
Joaquim Levy, chegou ao governo é que os desmandos foram identificados.
Nesse caso, a situação é mais grave do que parece. Se for verdade, Dilma
estava convencida, até a chegada de Levy, de que a renegociação da
dívida era perfeitamente possível, e que outras medidas que hoje o seu
novo governo renega estavam certas.
Quando
ela diz que fez tudo certo no primeiro mandato, não estaria mentindo,
mas reafirmando convicções. Nesse caso, a continuação no cargo é um
perigo potencial de repetição dos mesmos erros caso um dia a economia se
recupere ainda em sua gestão.
E
quando o ministro Joaquim Levy classificou de “brincadeira” a
desoneração da folha de pagamentos de várias empresas, não estava
fazendo uma metáfora, estava apenas revelando a qualidade das decisões
econômicas tomadas pela equipe de Mantega e sua nova matriz econômica.
O
que dizer do plano maquiavélico de usar mais uma vez o hoje ministro
Kassab para criar um novo partido, o PL, que se fundiria ao PSD e assim
permitiria que muitos deputados e senadores hoje no PMDB o deixassem,
enfraquecendo-o na coalizão governista?
Como
não são bobos, os líderes do partido viram longe a situação e começaram
uma rebelião interna que não tem hora de acabar. Ainda mais quando
detectam que a própria presidente Dilma participou diretamente da
manobra, não sancionando a lei aprovada pelo Congresso que a impediria.
O
tiro deve sair pela culatra, primeiro por que o PL acabou se
inscrevendo no Tribunal Superior Eleitoral sem o número mínimo de
assinaturas, prometendo remetê-las depois.
Mas
a impugnação da nova legenda, que parece provável, não apaga o fato de
que o Palácio do Planalto continua tentando neutralizar a força do PMDB,
que já sentiu para que lado o vento sopra e começa a saltar do barco,
não como quem foge acovardado, mas como quem enfrenta os desmandos da
capitã, afinal identificada como incapaz de levar o barco nessa
tempestade que enfrenta.
A
necessidade identificada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, de
haver um plano econômico abrangente que possa dar um rumo à economia, e
não apenas cortes de gastos que atingem os cidadãos mais desprotegidos e
as empresas que geram empregos, é correta e vai ao encontro do que tem
cobrado o presidente do PSDB, senador Aécio Neves.
Está
também correta a exigência do PMDB de que o governo reduza para 20 o
número de ministérios e corte os cargos em comissão de provimento
direto, que são cerca de 25 mil DAS. Só que é uma ação populista, pois
foi o mesmo Renan Calheiros, juntamente com Eduardo Cunha, que aceitaram
que os partidos políticos mais que dobrassem a verba do Fundo
Partidário, e aumentassem as verbas dos parlamentares.
É
como diz o ditado: em casa em que falta pão, todos brigam e ninguém tem
razão. No país desgovernado, faltam pão e quem dê o rumo.
extraídadoblogrota2014
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