Bernardo Mello Franco folha de são paulo
Em 1993, os brasileiros decidiram em plebiscito que o país continuaria a
ser regido pelo sistema presidencialista. Em 2015, Brasília discute se o
parlamentarismo enfim chegou, em uma versão piorada e sem consulta
prévia ao eleitor.
A cada derrota de Dilma Rousseff no Congresso, surge alguém para
anunciar que a República mudou de regime. O parlamentarismo, que andava
esquecido, virou a palavra da moda no governo e na oposição.
A explicação é simples: diante de uma presidente acuada, o PMDB passou a
dar as cartas. Com menos de 13% das cadeiras da Câmara, o partido
capitalizou a insatisfação geral com o governo e passou a submeter o
Planalto às suas vontades.
"Do ponto de vista político-administrativo, nós vivemos no
parlamentarismo. A presidente não sabe ainda, mas quem governa o Brasil
hoje é Renan Calheiros, na presidência do Senado, e Eduardo Cunha, na
presidência da Câmara", provocou o tucano Aécio Neves, na revista
"Istoé".
As ações do PMDB têm um objetivo comum: retirar poderes do governo e
transferi-los ao Congresso, ou seja, ao próprio PMDB. Os petistas, que
reinavam tranquilos há 12 anos, começaram a acusar o golpe.
"Nosso sistema é o presidencialismo de coalizão. O país funciona desse
jeito. Nós podemos até discutir uma mudança, mas isso não é cabível
neste momento", afirmou ontem o deputado Paulo Teixeira (PT-SP).
Ele disse que a proposta do PMDB para limitar o número de ministérios
"fere de morte o presidencialismo". Outros petistas fazem a mesma queixa
sobre a chamada "PEC da Bengala", que ameaça tirar de Dilma o direito
de nomear mais cinco ministros do Supremo Tribunal Federal.
Para quem está ganhando, o arremedo de novo regime é mais que bem-vindo.
"Eles estavam acostumados a ver o Executivo mandando no Legislativo. O
que mudou é que agora o Congresso é independente", proclama o deputado
Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), aliado de Cunha.
extraídadoblogrota2014
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