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21:50
ANDRADEJRJOR
BERNARDO MELLO FRANCO FOLHA DE SÃO PAULO
BRASÍLIA - Alguém se
lembra do PAC? Somadas, essas três letrinhas formavam o Programa de
Aceleração do Crescimento. Turbinaram o segundo mandato de Lula e o
ajudaram a vestir a faixa presidencial na pupila Dilma Rousseff.
Há
sete anos, em março de 2008, Lula chamou sua então ministra de "mãe do
PAC". "É ela que cuida, acompanha, que vai cobrar junto com o Márcio
Fortes [então ministro das Cidades] se as obras estão andando ou não
estão", disse, em visita a uma favela do Rio.
Dilma seguiu o
script à risca. Para aparecer nas ruas, viajou o país e tirou fotos com
chapéu de operário. Para aparecer nos jornais, apagou as luzes do
palácio e pilotou sonolentas apresentações de PowerPoint, cheias de
tabelas com números e cronogramas de obras.
A oposição dizia que o
PAC era um slogan eleitoreiro e que a ministra fazia campanha antes da
hora. A imprensa mostrava que as obras estouravam prazos e orçamentos.
Não tinha importância. A economia estava crescendo. Os empreiteiros
estavam felizes ""naquele tempo, lava jato era só o lugar onde alguém
lavava seus carros. A mãe do PAC, que nunca havia disputado uma eleição,
virou presidente da República.
Desde que Dilma assumiu, a
economia patina. Os números divulgados na sexta-feira mostram que o PIB
médio de seu primeiro mandato foi o menor desde a catástrofe do governo
Collor. O ano passado, com crescimento de 0,1%, foi o pior de todos. O
ministro Joaquim Levy avisou que 2015 será ainda pior. Nas palavras
dele, o país deu uma "desacelerada forte". Se o trem estava parado, isso
significa que começou a andar de marcha a ré.
O arrocho não
poupa nem o programa-símbolo de Dilma, que teve suas verbas cortadas em
fevereiro. A mãe do PAC virou madrasta da crise. A sorte dela é saber
que não será mais candidata em 2018. O azar pode ter passado para Lula,
que contava os dias até a próxima eleição.
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