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21:46
ANDRADEJRJOR
HENRIQUE MEIRELLES FOLHADESÃOPAULO
O leitor tem o direito de estar perplexo com o Brasil.
Enquanto
grupo importante de economistas manifesta apoio e otimismo com as
medidas fiscais e monetárias do Ministério da Fazenda e do Banco
Central, outro grupo argumenta que o aperto fiscal não será suficiente,
que o aperto monetário veio tarde diante da alta expectativa de inflação
e que falta ainda uma agenda de reformas para retomar o crescimento.
Já
empresários de diversos setores expressam descontentamento e revolta
com o aumento de impostos em momento de queda das vendas, centrais
sindicais mostram indignação diante do corte de direitos trabalhistas e
políticos da base governista se unem à oposição e derrotam o governo em
questões importantes.
A provável piora da situação econômica pode aumentar ainda mais essa confusão. Por isso, é fundamental buscar clareza.
Um
processo concomitante de ajuste fiscal e monetário numa economia em
recessão é algo raro na economia mundial. Resulta da política econômica
aplicada nos últimos quatro anos, cujos estímulos monetários e fiscais
geraram piora da trajetória da dívida pública e aumento da inflação, com
queda do nível da atividade chegando agora à recessão.
Nesse
quadro, o ajuste é indispensável para restaurar a credibilidade da
política fiscal e controlar a inflação, permitindo a retomada da
normalidade econômica.
Por outro lado, a carga tributária
enfrentada pela população e pelas empresas é excessiva para um país
emergente como o Brasil, ainda mais considerando a qualidade dos
serviços públicos.
Isso dá razão a queixas de empresários,
trabalhadores e políticos de que o governo federal quer cobrar mais
impostos, reduzir direitos trabalhistas e cortar recursos a Estados e
municípios sem que ele mesmo promova esforço similar com redução da
máquina pública, dos ministérios e dos cargos comissionados. Como diz o
ditado, em casa onde falta pão, todos reclamam e todos têm razão.
Mas
qual é a solução? Ela passa, sem dúvida, por um ajuste fiscal que
elimine as incertezas sobre a solvência do país e pelo aumento de juros
para controlar a inflação. Passa também pelo que alguns países europeus,
especialmente a Espanha, vêm fazendo de forma eficiente para sair da
crise: ancorar o ajuste não no aumento de impostos, mas no corte de
despesas e em reformas para melhorar a produtividade e o ambiente de
negócios.
No Brasil, isso compreende as reformas tributária e
trabalhista e um programa que viabilize investimentos maciços em
infraestrutura com retornos atrativos ao capital hoje disponível no
mundo.
Para fazer isso, é necessário um governo com direção
clara, comando firme, liderança política e capacidade de comunicar que
existe luz no fim do túnel.
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