Roberto Rachewsky
Muitas pessoas superestimam a inteligência e a capacidade estratégica dos políticos. A tendência de interpretar qualquer decisão como um “xadrez 4D” ou uma jogada genial baseada na teoria dos jogos vem geralmente de um viés cognitivo: a crença de que, por estarem no poder, esses líderes devem estar operando em um nível intelectual muito acima do comum.
Na realidade, a política é muito mais movida por incentivos de curto prazo, decisões emocionais e consequências não planejadas do que por estratégias bem elaboradas.
Muitos políticos são mais reativos do que proativos, tomando decisões em resposta à pressão popular, à mídia ou a disputas internas, em vez de executarem um plano brilhante de longo prazo.
Além disso, a ineficiência burocrática, as ambições e a rigidez ideológica costumam atrapalhar qualquer estratégia racional que pudesse existir.
É verdade que alguns movimentos políticos envolvem cálculo estratégico—alianças, negociações e táticas eleitorais podem seguir modelos da teoria dos jogos. Mas assumir que todo erro ou contradição faz parte de um grande plano é dar crédito demais aos políticos.
Na maioria das vezes, a incompetência, o oportunismo ou simples erros de julgamento explicam melhor suas ações do que uma genialidade oculta.
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