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14:36
ANDRADEJRJOR
EDITORIAL FOLHA DE SP
Se quiser demonstrar empenho verdadeiro no combate à corrupção, Dilma pode incentivar investigações sobre o setor elétrico
"O
que diferencia um país do outro e um governo do outro é o fato de que
alguns países e alguns governos criam condições para que a corrupção
seja prevenida, seja investigada e seja punida. Outros não fazem isso.
Alguns silenciam. Nós agimos", disse a presidente Dilma Rousseff (PT) ao
anunciar medidas para combater a corrupção.
Apresentou-se neste
mês grande oportunidade para que Dilma diferencie seu governo de outros
que acusa de leniência. Ela pode dar consequência exemplar às suas
palavras contribuindo para a investigação de desvios no setor elétrico.
Há
indícios de que empreiteiras acusadas de participar do esquema de
corrupção na Petrobras atuavam de forma semelhante nas obras da
hidrelétrica de Belo Monte (PA), maior projeto de infraestrutura do país
e merecedor de R$ 22,5 bilhões do BNDES.
Na investigação do
esbulho da petroleira, a Operação Lava Jato, executivos da Camargo
Corrêa declararam ter pago propina ao senador Edison Lobão (PMDB-MA),
ministro de Minas e Energia do primeiro mandato de Dilma Rousseff.
Seriam múltiplos os benefícios do comprometimento da presidente com essa investigação.
Primeiro,
o governo demonstraria que se junta aos esforços de ampla varredura da
corrupção, dando-lhe caráter sistemático e sentido de política de
Estado. Segundo, como consequência, os inquéritos seriam mais céleres.
Terceiro, Dilma demonstraria destemor ao auxiliar a investigação de um
setor com o qual é tão identificada.
Em tese, haveria disposição
do governo de demonstrar que não pretende ficar a reboque dos
escândalos, na situação passiva, defensiva e acovardada que assumiu no
caso da Petrobras.
A presidente falou de modo incisivo; o atual
ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga (PMDB-AM), disse que não
ficaria de "braços cruzados" diante de denúncias na área sob sua
administração.
Dilma, em seu discurso, fez ainda o elogio das
gestões petistas, que deram mais poder à Controladoria-Geral da União,
que aprovaram a Lei de Acesso à Informação, que reiteram o respeito ao
Ministério Público e à Polícia Federal.
A presidente, portanto,
não terá dificuldades de recomendar à CGU providências na investigação
de obras de hidrelétricas, na atuação da Eletrobras e subsidiárias e na
relação do BNDES com tais negócios --banco, aliás, refratário à
publicidade de informações. Poderá até solicitar auxílio ao Tribunal de
Contas da União.
De imediato, poderá determinar a instauração de
inquéritos administrativos. Afinal, diz a presidente, seu governo "não
transige com a corrupção"; não silencia, age.
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