Jornalista Andrade Junior

segunda-feira, 2 de março de 2015

Ressaca e malhação de Dilma Rousseff

Fernando Canzian Folha


O ano começa enfim está começando. A partir de agora os brasileiros sentirão de fato o tamanho da ressaca do primeiro governo Dilma. Os indicadores que saíram em dezembro (mês de festas e 13º) e janeiro (férias e pré-Carnaval) passaram meio batidos e foram muito ruins. Prenunciam o que vem aí.
Vendas no varejo em 2014: alta de apenas 2,2%. Foi o pior desempenho desde 2003, ano do pesado ajuste promovido por Lula (sob supervisão do FMI) e que levou vários trimestres para recolocar o Brasil nos eixos.
Inflação em janeiro: 1,2%, a maior também desde 2003. O que nos leva novamente ao passado ruim de 12 anos atrás. Dois retratos importantes do atraso que o atual governo nos entregou.
A coluna insiste sempre em um ponto, fundamental para entender a precariedade da economia brasileira: 67% das famílias têm renda mensal menor do que R$ 2.170. Inflação em alta derruba rapidamente o poder aquisitivo, levando o PIB para baixo.
Um terceiro movimento importante pré-Carnaval foi a disparada do dólar. Isso trará um empobrecimento à jato para a população brasileira, via consumo de produtos importados acabados e produzidos pela indústria nacional. Hoje, quase um quarto do que é fabricado aqui leva componentes importados.
EM ÔNIBUS BLINDADO
No campo social, foi extremamente significativo, no Paraná (também no pré-Carnaval), o recuo do governador Beto Richa (PSDB) ao retirar medidas de corte de gastos que havia encaminhado à Assembleia Legislativa.
Os deputados tiveram de entrar em ônibus blindado (e por um buraco aberto às pressas em uma grade nos fundos) para tentar aprovar as medidas. Diante da fúria dos manifestantes, recuaram.
Assim como Richa no Paraná tentando equilibrar suas contas, o fracasso da gestão Dilma (numa combinação de políticas atrasadas e nacionalistas em um contexto de economia globalizada) agora leva o seu governo a correr com ajustes.
GRAU DE INVESTIMENTO
Um grande risco em 2015 segue o Brasil perder o chamado “grau de investimento”, uma espécie de chancela de agências financeiras internacionais dadas a “bons pagadores”.
Essas agências constituem um dos maiores embustes do capitalismo. Até a grande crise global de 2008/2009 carimbavam papéis que viraram lixo de uma hora para a outra. Mas é assim que o “altar do mercado” funciona. E será bem pior para o Brasil se de fato perder o “grau de investimento”.
Dilma conseguirá em nível nacional o que Richa não conseguiu no Paraná?
Dia 15 de março próximo (um domingo) há manifestações previstas em cerca de 50 cidades do país contra a presidente. No Carnaval de Olinda nesta semana, os organizadores desistiram de colocar entre os bonecos gigantes a figura de Dilma.
Temiam que a festa se transformasse em Sábado de Aleluia, com a malhação da presidente pior avaliada no país desde dezembro de 1999 (FHC).
ESTELIONATOS ELEITORAIS
Há vários tipos de estelionatos eleitorais. Um dos mais emblemáticos foi o do ex-presidente José Sarney em 1986, quando congelou preços no Plano Cruzado.
Sarney sustentou medidas irrealistas até seu partido, o PMDB, lavar a égua nas eleições de 15 de novembro daquele ano. Em seis dias vieram as medidas impopulares.
Em uma semana, saques e depredações varreram Brasília no chamado “badernaço”. Sete meses depois o ônibus do presidente seria apedrejado no Rio. Uma janela foi quebrada a golpes de picareta.

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