skip to main |
skip to sidebar
06:40
ANDRADEJRJOR
JOSÉ NÊUMANNE O ESTADO DE SP
Faltam 46 meses para o
governo Dilma acabar. É tolice tentar abreviar a agonia que, tudo indica
(ou melhor, nada indica que não), nos afligirá em três longas
prorrogações deste nada promissor ano de dois mil e cinzas. Impeachment
já ou logo, como exigem alguns, que prometem sair em bloco às ruas no
dia 15, é inviável e só interessa por enquanto ao ex abandonado Luiz
Inácio Lula da Silva. Este não é mais o ai-jesus de antes, mas continua
sem adversários na oposição, cuja única novidade a apresentar ao público
pagante era a barba de Aécio, que a tirou para não a pôr de molho.
Talvez
venha a ser a mais longa caminhada de um pato manco na História desta
República, pois a chefe do governo só conseguirá ser a líder política de
que o País precisa para administrar a herança maldita que ela própria
se legou se parar de mentir e mancar a cada passo. Por enquanto, o único
sucesso que ela tem a apresentar ao eleitorado que a levou de volta ao
trono é que este não vai vergar sob seu peso por causa de uma invejável
dieta evidentemente bem-sucedida. Fora isso, o que comemorar de uma
governante(a) que só não erra quando cala - lembrando aquela frase cruel
de Romário sobre Pelé: "Calado, é um poeta"?
Dilma cuspiu nos
direitos trabalhistas que jurou proteger; aumentou a tarifa de luz (no
Sudeste, calcula-se, em 70%), que prometeu reduzir; e deixou de pagar o
Pronatec, que esfregou na cara do adversário em campanha. Agora, para
dar um jeito no cofre, transferiu a responsabilidade para o economista
ao alcance. Joaquim Levy saiu do segundo time do candidato derrotado
para assumir o que este teria de fazer se ganhasse. E deve agradecer a
Deus pelos três pontos porcentuais que ela teve a mais de votos, sempre
que se persigna. Cabe-lhe defender o indefensável e salvar a pele da
chefona. Se tiver sucesso, será substituído por um companheiro fiel às
ideias muito próprias que ela tem da economia. Se não tiver, será
apontado como o substituto de Fernando Henrique na condição de bode
expiatório preferencial.
Mesmo tendo um escudo para se proteger
do material orgânico em que pode resultar sua tentativa de corrigir os
erros do próprio passado, contudo, Dilma continua empenhada em dizer e
fazer tudo errado. Produziu, por exemplo, depois da Quarta-Feira de
Cinzas a piada do carnaval - que tinha tudo para ser a do voo da
Beija-Flor até a Guiné Equatorial -, ao transferir a culpa da
roubalheira na Petrobrás ao tucano antecessor dos três governos
petistas. Agarrou-se à tábua de salvação da delação premiada do
ex-gerente Pedro Barusco, que confessou ter começado a roubar
discretamente em 1996 (ou 1997?). O professor passou a ser acusado pelo
dilúvio universal bíblico e pela seca em que São Paulo virou sertão.
Antes
de ser acusado pela traição de Calabar e pela amputação dos braços da
Vênus de Milo, o sociólogo desceu das tamancas e bateu abaixo da linha
de sua cintura afinada, ao compará-la com o punguista "que mete a mão no
bolso da vítima, rouba e sai gritando 'pega ladrão'!" O adversário não
foi muito elegante, mas, ainda se levando em conta a eventualidade, é
possível concluir que, tendo sido ministra de Energia, presidente do
conselho de administração da estatal assaltada , chefe da Casa Civil e
presidente no período de 12 anos em que o furto foi "sistêmico", segundo
o delator, ela poderia ter ido dormir sem essa.
A galhofa é
nossa, mas sugiro que se preste mais atenção em algo mais sério que ela
também disse ao voltar da mudez dos idos de Momo. Depois de ter rasgado a
bandeira socialista ao garantir que não se apena empresa, para evitar
desemprego, mas gente, para punir corrupção, ela deu uma guinada de 180
graus ao afirmar: "Isso não significa de maneira alguma ser conivente ou
apoiar ou impedir qualquer investigação ou qualquer punição a quem quer
que seja". E completou, repetindo o lugar-comum traduzido do portunhol
do aliado Collor: "Doa a quem doer".
O noticiário dá-lhe duas
boas oportunidades de provar que será coerente com o "duela a quién
duela" que assumiu. Para fazê-lo terá de interromper imediatamente a
tentativa canhestra de seu novo controlador-geral da União, Valdir
Moisés Simão, de celebrar acordos de leniência com as empreiteiras
acusadas de pagar propina a petroleiros, partidos do governo e políticos
aliados para tentar evitar delação premiada de empresários presos. A
proposta foi avalizada pelo advogado-geral da União, Luís Inácio (que
não se perca pelo nome) Adams, outro funcionário a ela diretamente
subordinado, e abençoada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), cuja
composição é fiel a seu governo. É, porém, contestada pelo Ministério
Público Federal, que tem todas as razões do mundo para temê-la. Pois
jogaria por terra a oportunidade inédita que a presidente diz perseguir
de, enfim, punir judicialmente corruptores.
Outro episódio
constrangedor para ela é o das audiências do ministro da Justiça, José
Eduardo Cardozo - um dos militantes que não riem da piada do Fernandinho
primeiro bode expiatório -, aos advogados dos empreiteiros presos.
Sabe-se que ele chamou de medievais nossas masmorras, mas nunca fixou um
prego numa barra de sabão para mudar o fato. Agora recebe causídicos de
luxo, mas não faz idêntico esforço para conseguir nas varas de
execuções penais a soltura de 9 mil ex-condenados que já cumpriram pena e
não saem da cela por não poderem pagar advogados que tenham acesso à
agenda dele. Ou melhor: à agenda controlada pela assessora de confiança,
e não a que aos pagadores de seus proventos é dado conhecer. Segundo a
Folha, o que ele fez em 80 de 217 dias de trabalho desde o início da
Operação Lava Jato foi mantido em segredo, o que torna Sua Excelência o
primeiro ministro clandestino da história de qualquer democracia.
Só
atitudes dela contra essas tentativas de melar o jogo dissiparão o
clima de xepa. Segundo minha avó, "desculpa de cego é feira ruim e saco
furado".
EXTRAÍDO DE AVARANDABLOGSPOT
0 comments:
Postar um comentário