Carlos Chagas
Em meio a tanta confusão entre o palácio do Planalto e o Congresso, mais o ininterrupto fluxo de sujeira investigado pela Operação Lavajato, ao aprovar o orçamento para o ano em curso os líderes do governo e da oposição não perceberam que havia sido aumentado para um bilhão de reais os duzentos e setenta milhões destinados ao Fundo Partidário. Parece piada de mau gosto essa explicação, mas é a que estão apresentando. Como não se deram conta desse esbulho nos cofres públicos se foram eles mesmo seus autores?
O orçamento foi aprovado em votação final agora na segunda quinzena de março, quando desde o ano passado a crise econômica vinha sendo anunciada e até o ministro Joaquim Levy tomado posse e divulgado as primeiras medidas do ajuste. Quer dizer, não pega a desculpa de haver o orçamento sido elaborado antes de o país entrar no sufoco e da necessidade de cortar gastos. De qualquer forma, triplicar o dinheiro dado de presente aos partidos equivale a quase um roubo. Deveriam, os partidos, sustentar-se com a colaboração de seus filiados, coisa que acontece no mundo inteiro. Os recursos do Fundo Partidário constituem uma das causas para a proliferação das pequenas legendas de aluguel.
Situação e oposição mancomunaram-se para ver passar o bilhão que dividiriam, esperando que ninguém denunciasse o exagero. Foi quando apareceu um menino no plenário da Câmara para dizer que o rei estava nu. No caso, o deputado Chico Alencar, do PSOL. A partir daí, foi um “Deus nos acuda”. A bancada do PMDB indignou-se com a multiplicação de recursos para os partidos, como se não a tivessem votado. O PSDB anunciou que não receberia o aumento. Mentira. Pura farsa encenada depois de flagrados todos com a boca na botija. Agora andam falando em equívoco, falta de atenção e alguns até apelam para a presidente Dilma vetar o artigo celerado. A verdade é que o Congresso inteiro sabia e queria. Tanto que embutiram a elevação no orçamento. Nem o relator, senador Romero Jucá, percebeu? Me engana que eu gosto…
DESAGRADANDO O LULA
A presidente Dilma desmentiu uma reforma ampla do ministério mas admitiu mudanças “pontuais”. Dá no mesmo, continuando até agora os ministros Aloizio Mercadante na Casa Civil e Pepe Vargas nas Relações Institucionais. Pode ser que ela venha a “pontuá-los”, mas por enquanto vão ficando, para desagrado do Lula, que de viva voz sugeriu a substituição de ambos. O ex-presidente continua batendo de frente com a sucessora.
UMA ESTRELA SOBE
É inegável a ascensão de Eduardo Cunha no cenário político, mesmo antes da demissão do ministro Cid Gomes. A espingarda instalada na janela do gabinete da presidente Dilma continua apontada para o presidente da Câmara, mas o gatilho parece emperrado.
EXTRAÍDADATRIBUNADAINTERNET
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