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22:55
ANDRADEJRJOR
Arnaldo Niskier
Arnaldo Niskier
Há quem não goste das sucessivas avaliações a que é submetida a educação
brasileira. Os argumentos são em geral ridículos. Já houve quem
dissesse que é uma forma fascista de levar nossos alunos a esses testes,
o que é um evidente exagero.
Passamos
de uma fase em que a escola era risonha e franca, para um controle
necessário, facilitado pelo uso maciço de tecnologias educacionais. Não
fora isso, como saber que a Matemática, por exemplo, nunca esteve em
nível tão baixo? A despeito da sua necessidade cada vez maior, dada a
expansão notória da inclusão digital.
Queremos nos referir ao Prova Brasil, com dados relativos ao ano de 2013.
A
posição da ciência do raciocínio involuiu da média nacional de 244,7 em
2011 para 244,41 em 2013, ano do último exame. Analisando o
comportamento dos estados, verifica-se que houve notas mais baixas em 17
deles, considerado o 9º ano do ensino fundamental público. A maior
perda foi em Santa Catarina, onde ocorreu um fenômeno digno de registro:
piorou 7,89 pontos em Matemática e 3,48 pontos em Português. A causa
teria sido a aplicação da fatídica aprovação automática, segundo
explicação oficial. Isso já foi abandonado naquele estado.
A
média nacional de Português melhorou 1,14 ponto (de 238,7 para 239,84).
Mas 40% dos alunos concluem o ensino fundamental sem saber interpretar
textos. Houve notas mais baixas, no período de dois anos, em dez
estados. O fenômeno positivo ficou por conta de Goiás, que cresceu nove
pontos em Português e 7,95 em Matemática.
No
5º ano, 14% dos estudantes não conseguem fazer uma conta de
multiplicação com dois algarismos. O que se pode esperar desses alunos?
É
claro que tudo tem uma explicação: é preciso maior cuidado com a
frequência dos alunos e uma boa assistência dos professores para tirar
as dúvidas. Adotando esse procedimento, Goiás passou para o terceiro
lugar em Português e Matemática, somente atrás de Minas Gerais e Rio
Grande do Sul.
Há
certos fatos em educação que não admitem contestação. Professores bem
preparados, com elevada autoestima e salários mais dignos, sem dúvida,
oferecem melhor trabalho e as consequências podem ser medidas nas provas
dos seus alunos.
Enquanto
for precário o panorama vigente, vamos continuar a dar vexame nos
exames internacionais, como acontece sistematicamente no Pisa. Uma
tristeza!
Professores bem preparados, com elevada autoestima e salários mais dignos, sem dúvida, oferecem
melhor trabalho
Arnaldo Niskier é professor e jornalista
fonte rota2014
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