, por Julia Duailibi
Na segunda leva de indicados, a presidente prezou mais os laços
políticos do que as habilidades técnicas ao escolher um ‘animador’, o
filho de um senador e derrotados na eleição de 2014 para serem ministros
em seu novo mandato
A presidente Dilma Rousseff anunciou treze novos ministros.
Somados aos quatro nomes divulgados em novembro, entre os quais os três
da equipe econômica, a presidente já definiu 17 dos 39 assentos da
Esplanada.
É um banho de água fria para aqueles que compraram a tese da mudança no
segundo mandato. Nas indicações de ontem, manteve-se como regra a
filiação partidária: dos treze nomeados, onze vêm com a benção de algum
partido. Há aumento da influência do PMDB, que passou de cinco para seis
ministérios (Agricultura, Pesca, Turismo, Aviação Civil, Portos e Minas
e Energia), e espaços distribuídos para PRB (Esporte), PC do B (Ciência
e Tecnologia), PT (Defesa), PSD (Cidades) e Pros (Educação).
Dilma privilegiou os laços políticos dos novos ministros. Anunciou o
ex-prefeito de Ananindeua Helder Barbalho (PMDB-PA), filho do senador
Jader Barbalho (PMDB-PA), para a Pesca. No Esporte, indicará o
radialista, apresentador de televisão, teólogo e animador George Hilton
(PRB-MG). Não se sabe ainda qual é a experiência dele na área,
estratégica no segundo mandato em razão da Olimpíada de 2016 na cidade
do Rio de Janeiro. Mas o importante é que ele é aliado do senador
Marcelo Crivella (PRB-RJ), derrotado na disputa pelo governo do Rio e
que tem ambições eleitorais naquele Estado.
Não é novidade o loteamento ministerial. O que chama a atenção é que a
presidente não conseguiu, ao menos por enquanto, casar as indicações
políticas com nomes de maior densidade técnica. Nenhum “notável”,
nenhuma grande referência de setores estratégicos ou produtivos. Nem
mesmo o senador Armando Monteiro (PTB-PE), que foi presidente da
Confederação Nacional das Indústrias e que vai para o Desenvolvimento,
se destaca hoje como nome do empresariado. Talvez a única exceção seja a
presidente da Confederação Nacional da Agricultura, a senadora Kátia
Abreu (PMDB-TO), que vai ocupar a pasta da Agricultura e que, de fato, é
representante do setor. Mas ainda assim é uma parlamentar, e sua
indicação atende também o PMDB.
Nas nomeações, Dilma manteve ainda outro cacoete nocivo, o de dar
emprego para aliados que foram derrotados nas urnas. Quatro foram os
agraciados: além de Barbalho e Monteiro, derrotados nas disputas pelos
governos do Pará e de Pernambuco, respectivamente, Eduardo Braga
(PMDB-AM) ocupará o Ministério de Minas e Energia e Gilberto Kassab
(PSD-SP) o das Cidades, depois de perderam as eleições no Amazonas e
pelo Senado por São Paulo.
Até agora, Dilma só conseguiu surpreender em novembro com a nomeação de
Joaquim Levy para Fazenda, a única indicação com potencial para trazer
alguma novidade nos rumos da administração. A regra
na montagem de seu segundo mandato tem sido a da mediocridade, com o
objetivo de domar os partidos da base e evitar problemas no Congresso.
Mas
nem isso está garantido. É insaciável o apetite dos aliados. Logo mais a
insatisfação vai aparecer, principalmente durante o festival de
nomeações no segundo escalão. É só esperar.
fonte rota2014
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