Fausto Macedo - O Estado de São Paulo
Sinara Polycarpo negaligação com e-mailsobre 'riscos' da reeleição de Dilma e entra com ação contra o Santander
Inconformada com sua demissão da Superintendência de Consultoria de
Investimentos Select (clientes de alta renda) do Banco Santander -
medida que atribui a uma suposta perseguição política por parte do PT e
do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva -, Sinara Polycarpo
Figueiredo entrou com ação na Justiça do Trabalho. Ela pede declaração
de nulidade da rescisão contratual e sua recontratação no cargo "com
todas as vantagens e benefícios", além de pagamento de indenização por
danos materiais e morais estimada em 200 vezes o salário integral que
recebia - cerca de R$ 50 mil mensais.
Sinara foi demitida em 30 de julho em meio à polêmica criada em torno de
uma correspondência enviada aos clientes do Santander com renda
superior a R$ 10 mil, informando-os sobre "os riscos da reeleição" da
presidente Dilma Rousseff para a economia do País. A carta circulou no
primeiro mês de campanha oficial.
Na ação distribuída para a 78.ª Vara do Trabalho de São Paulo, a
ex-superintendente afirma que não tinha conhecimento da mensagem e que o
texto não foi submetido à sua revisão, tendo sido encaminhado por uma
analista financeira "diretamente ao Departamento de Marketing, que
providenciou a remessa aos clientes". Além de Sinara, outros dois
funcionários foram demitidos.
Ela sustenta que teve ciência da carta "somente 15 dias após, quando um
dos clientes reclamou do teor da opinião do banco". Sinara ressalta que
"o PT, através de seus máximos dirigentes, inclusive o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, exigiu em manifestações públicas, em
entrevistas para toda imprensa do País, a demissão de empregados do
Santander".
'Subserviência'. "Houve
imediata subserviência do banco às forças políticas, ao clamor político
partidário", assinalam os advogados Rubens Tavares Aidar e Paulo Alves
Esteves, constituídos por Sinara. Para eles, o banco "cedeu o poder de
comando do empregador ao PT, de modo tão servil que o próprio presidente
do partido foi o arauto para a imprensa de que os empregados do setor
seriam demitidos".
"Agrava-se a discriminação quando se sabe que ela (Sinara) não praticou,
não concorreu, nem tinha o menor conhecimento dos fatos, sendo execrada
e covardemente despedida", destacam os advogados.
Admitida em 4 de abril de 2006 como assessora de investimentos, Sinara
foi despedida "sem justa causa, abruptamente, por meio de telegrama, com
aviso prévio indenizado". Seu último salário fixo foi de R$ 32.785,74 -
acrescidos de bônus anual de valor variável, perfazia média de R$ 50
mil mensais.
O Santander não se pronunciou. "O Santander informa que não se manifesta
em casos sob o exame da Justiça", anotou a instituição, por meio de sua
vice-presidência de Comunicação e Marketing. O PT, por sua assessoria
de imprensa, informou que "não vai se pronunciar sobre o assunto".
A assessoria de Lula não retornou contato por e-mail da reportagem.
fonte rota2014
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