CARLOS CHAGAS
Quando coronel, o inesquecível
marechal Cândido Rondon chefiou as tropas governistas que combatiam a
Coluna Prestes. À imprensa, conforme relata Daniel Aarão Reis em livro
sobre a vida de Luís Carlos Prestes, Rondon declarou que seus
adversários “estavam no fundo da garrafa”, ou seja, arrolhados e sem
saída. Por isso, refugiaram-se no Paraguai e depois retornaram a Mato
Grosso, quer dizer, “quebraram o fundo da garrafa”.
Não vem ao caso, hoje, lembrar a epopeia vitoriosa da
Coluna Prestes, que percorreu 24 mil quilômetros no sertão brasileiro,
levando a revolução ao interior e jamais perdendo uma batalha para o
governo.
A história é referida por conta de um paralelo com a
realidade atual. A presidente Dilma chegou ao fundo da garrafa no
escândalo da Petrobras. Não pode mais dizer que não sabia, muito menos
se negará que em sua companhia está Graça Foster, também ignorante da
lambança. São amigas íntimas. Em recente entrevista, Venina Velosa da
Fonseca confirma não apenas as denúncias que fez, por escrito, à atual
presidente da estatal petrolífera. Também ao vivo, no gabinete dela,
alertou a então diretora de Gás e Energia para o desvio de recursos no
setor da comunicação social.
Dilma e Graça quebraram o fundo da garrafa, uma não
demitindo, outra não pedindo demissão da presidência da Petrobras. Em
fevereiro, quando a pedido do procurador-geral da República estiver
sendo aberto processo contra os políticos envolvidos no escândalo, é
provável que Graça Foster venha a ser denunciada. Parece que só ela. Se
estará ou não no lugar que ocupa, é questão para Dilma resolver, mas
fica evidente, conforme a lei penal, terem as duas se omitido.
ME ENGANA QUE EU GOSTO
Começa hoje, terça-feira, o recesso natalino do
Congresso. Quer dizer, até ontem, deputados e senadores deveriam estar
trabalhando. Só que desde quinta-feira passada escafederam-se todos.
Como não vingou a proposta de uma convocação extraordinária para
janeiro, mês de férias, Brasília ficará sem a presença de Suas
Excelências até fevereiro. Melhor para a capital federal, apesar de os
presidentes da Câmara e do Senado estarem anunciando que aqui retornarão
no primeiro dia do ano, para a cerimônia de início do segundo mandato
da presidente Dilma. Aliás, não vai ser fácil o PT lotar de companheiros
a Praça dos Três Poderes.
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