Roberto Nascimento
Acredito que a corrupção será contida na raiz, quando os executivos das empresas privadas amargarem os cárceres, pagando pelos delitos que têm vindo a tona. Daqui para frente, serão mais cautelosos na roubalheira dos cofres públicos, pelos exemplos de seus pares que estão presos temporariamente e perigam ficar definitivamente, pela ação firme do juiz Sérgio Moro. O exemplo é a maior lição de vida, para o bem e para o mal.
No caso da Petrobras, os denunciantes acabam sofrendo uma campanha de descrédito, tal e qual o caseiro de Brasília na demissão do então ministro Antonio Palocci.
Entretanto, alguns denunciantes só aparecem quando seus interesses são contrariados, como exemplo a perda do cargo de confiança ou algum negócio que não foi adiante por culpa do chefe. Nesse sentido, o denunciante também deve pagar pelos seus atos. Quem sabe de algum ato delituoso e se cala para falar tempos depois, no mínimo atuou com falta de ética, quiçá uma tremenda omissão.
O MEDO DA PRISÃO…
Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef só entraram na delação premiada por medo de amargarem penas de 40 anos, à semelhança de Marcos Valério, o bode expiatório do processo do mensalão. É o medo do longo período na prisão, que está assustando todo mundo. O Marques de Beccaria (1738- 1794) tinha razão, quando escreveu em seu opúsculo ”Dos Delitos e das Penas”: Quereis prevenir os crimes? Fazei leis simples e claras e esteja a nação inteira pronta a armar-se para defendê-las… (pág. 126).
A propósito, a incisiva manifestação do prefácio da tradução desta obra, da lavra do eminente jurista Evaristo de Morais, traduz o momento vivido pelo país, pág. 14: ”A perspectiva de um castigo moderado, mas inevitável, causará, sempre, impressão mais forte do que o vago temor de terrível suplício, em torno do qual se oferece a esperança da impunidade”.
Traduzindo: Os criminosos e os corruptos/corruptores temem muito mais a prisão, por mais branda que seja, do que uma tortura ou a difamação de sua reputação com a consequente repatriação de seus bens, amealhados ilicitamente e depositados nos paraísos fiscais.
César Beccaria previu tudo isso. Seus exemplos são latentes, portanto, seu opúsculo transcende a ação do tempo. Não é por outra razão (a certeza da prisão) que tantos criminosos do colarinho branco se apresentem ao Ministério Público, no afã desesperado de se livrarem de longos períodos vendo o sol nascer quadrado.
Aconteça o que acontecer, o Brasil dá sinais de um novo tempo. Ainda bem!
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