Carlos Brickmann Publicado na Coluna de Carlos Brickmann
Pois o nome da Operação Corrosão, da Polícia Federal, vem da ferrugem da Ruivinha. Agosthilde Carvalho, alto funcionário da Petrobras, fez delação premiada. E contou que o presidente da Petrobras na época, José Sérgio Gabrielli, queria o negócio fechado para honrar compromissos políticos. As denúncias ─ inicialmente feitas por outro delator, Fernando Baiano ─ são de que houve US$ 15 milhões de propina belga para fazer o negócio. Eta, pixuleco mais rendoso!
Gabrielli, depois de sair da Petrobras, virou secretário do governo do PT na Bahia. É petista ilustre, com grandes serviços prestados ao partido; é um dos maiores peixes fisgados pela investigação. E surpresas podem surgir: pois foi o Citigroup, segundo a Petrobras, o banco que considerou justo o preço da compra.
Quem? Eu?
O Citibank, pertencente ao Citigroup, está fechando a conta de todos seus correntistas investigados pela Polícia Federal, mesmo de quem não tenha sido sequer denunciado à Justiça. E não comenta o fato: simplesmente usa a Resolução 2.025 do Banco Central, que autoriza os bancos a fechar contas sem explicações.
Que crise, cara-pálida?
Por falar em bancos, a crise passa longe de seus guichês. O maior banco brasileiro, Itaú, teve lucro líquido de R$ 17,6 bilhões nos primeiros nove meses do ano. O Bradesco alcançou R$ 12,8 bilhões. O Banco do Brasil, 11,8 bilhões. E como reclamar, se ministros são nomeados por indicação pública de banqueiros?
Quem fiscaliza?
Sim, existe aqui um Banco Central. Mas este caso escandaloso, revelado no Globo pelo excelente repórter José Casado (http://wp.me/p6GVg3-eq), passou despercebido. Trinta operadores de grandes bancos estrangeiros agiram em conjunto para interferir no câmbio brasileiro, entre 2007 e 2013, lucrando muito, e estão sendo processados nos Estados Unidos. Os bancos: Citigroup, Bank of America, Barclays, Deutsche, HSBC, Merrill Lynch, Morgan Stanley, JP Morgan Chase, Royal Bank of Canada, Nomura, Tokyo-Mitsubishi, Royal Bank of Scotland, Standard, Crédit Suisse e UBS. Cinco já se confessaram culpados: Citigroup, UBS, Royal Bank of Scotland, Barclays e JP Morgan. Já foram multados nos EUA em US$ 6,4 bilhões (e lá as multas são cobradas e pagas).
O tamanho do prejuízo
No Brasil, as investigações são comandas pelo Cade, Conselho Administrativo de Defesa Econômica. A UBS fez delação premiada, com provas contra os demais envolvidos. E a Associação Brasileira de Comércio Exterior decidiu entrar na ação. Seus cálculos são de que, em seis anos, o Brasil perdeu US$ 50 bilhões e deixou de criar dois milhões de empregos com a manipulação do câmbio.
Também perdemos sem eles
Criminosos estrangeiros lucraram quebrando indústrias brasileiras e prejudicando a geração de empregos. Mas obtemos resultados parecidos agindo sozinhos, sem ajuda de gringos inescrupulosos. O preço dos combustíveis, por exemplo, é fixado no Brasil, e uma empresa estatal, a Petrobras, tem imensa influência no setor. Mas, no terceiro trimestre deste ano, a gasolina ─ usada preferencialmente para transporte individual de quem pode ter carro ─ ficou 5,1% mais barata que no mercado internacional. Já o diesel, usado no transporte coletivo, usado na movimentação de carga, custou 15,2% mais caro que no exterior.
A economia que se dane, pagando mais caro pelas cargas; quem usa ônibus que compre um carro. O governo e seu braço petrolífero preferem quem tem carro.
Votar e ganhar
Atenção, advogados: hoje é dia de votar na OAB. O voto é obrigatório, deixar de votar gera multa. Mas deixar de votar gera coisa pior: a OAB deixa de ser representativa, perde força, e nos embates os poderosos cujo sonho é destruir o direito de defesa, base da advocacia, e esquecer as prerrogativas dos advogados, acaba sendo derrotada. Escolha seus candidatos e vote: só assim a profissão será capaz de enfrentar os que tentam desmoralizá-la, só assim a defesa terá vez.
A política como ela é
A convenção do PMDB lhe pareceu dividida entre os que querem romper com Dilma (e os que querem impedi-la) e os que preferem permanecer no governo? Nada disso, não há divisão alguma: o PMDB permanece no governo enquanto houver vantagem, e fala contra Dilma enquanto for isso que o eleitor queira.
O PMDB é um partido unido e sempre coerente: está do lado que é bom para ele.
extraídadecolunadeaugustonunesopiniãoveja
0 comments:
Postar um comentário