Mais chocante, escandaloso e grave do que a prisão de Delcídio Amaral
por envolvimento na roubalheira da Petrobras terá sido o convite feito e
aceito por ele, meses atrás, para que assumisse a liderança do governo
no Senado. Foi preso nessa condição, e o convite, feito pela presidente
Dilma Rousseff.
Como é possível que Madame não soubesse de nada? Ninguém no ministério
ou na direção do PT para alertá-la do comportamento do senador? A
situação fica pior pela ignorância que domina o palácio do Planalto. Por
onde andava a Abin? E os companheiros?
O envolvimento do líder do governo na aquisição da refinaria de Pasadena
teria rendido a ele um milhão e meio de reais, conforme as denúncias
filtradas da Operação Lava Jato. Mais ainda, pelas gravações da Polícia
Federal, ele chegou a propor ao ex-diretor Cerveró, da Petrobras, uma
fuga espetacular para o Paraguai, no jatinho de propriedade de um amigo.
Além de 50 mil reais por mês para sua família, no período em que
estivesse na cadeia.
Por enquanto, dissolvem-se o governo e o PT como sorvete posto ao sol.
Pela primeira vez na crônica parlamentar, um senador é preso no
exercício do mandato, por decisão do Supremo Tribunal Federal. Mais
barro vai escorregar do episódio caso a suprema corte nacional de
justiça se disponha a abrir processo contra Delcídio Amaral. Se ele
apelar para a delação premiada, como quase toda a quadrilha vem fazendo,
como ficarão o PT e o governo? A cada dia que passa mais revelações
atingem os centros do poder. A pergunta que se faz deixou de ser sobre
se o país aguentará chegar a 2018 sem profundas convulsões. Chegaremos
ao final do ano?
O PT acaba de ser posto em frangalhos. O PMDB não fica muito atrás,
depois dos ainda inconclusos episódios encenados pelo presidente da
Câmara. A permanência de Dilma no palácio do Planalto volta a ser
questionada, porque se Eduardo Cunha perder o mandato, sairá atirando.
Provavelmente dará andamento ao processo de impeachment da presidente.
CONTRADIÇÃO OLÍMPICA
A presidente Dilma celebrou o lançamento de um programa que, para ela,
destina-se a salvar empregos. O diabo é a contradição: o desemprego será
combatido com a redução de salários até o limite de 30%. Quer dizer, se
o trabalhador aceitar a redução, terá garantido o seu lugar. As
empresas que aderirem a essa proposta ficarão impedidas de demitir. O
assalariado que concordar, no entanto, precisará explicar aos filhos que
vão comer 30% a menos do que comem...
extraídadetribunadaimprensaonline
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